Protesto
Não é no teu corpo que se imola
para a ceia dos meus sentidos
a vítima núbil, a áurea mola
que cinge o amor recente aos idos.Mas é também no teu corpo que corre
o sangue que o meu sangue socorre.Não é no teu corpo que se ergue
a guerra fria dos meus nervos.nem nasceram tuas transparências
para a cegueira dos meus dedos.Mas é também no teu corpo insano
que perscruto meu desconforto humano.Não é no teu corpo, nos teus olhos
de fauno, que colho as minhas ditas,
nem o jasmim de tua boca flore
para a visão que me solicita.Mas é também no teu corpo único
que o amor à forma do Amor reúno.Não é no teu corpo que concentro
minha sede (esta sede ferina
que morre de seu farto alimento
e vive de quanto se elimina)Mas é também teu corpo a medida
destas águas sobre a minha ferida.Não é no teu corpo, mas é tanto
no teu corpo meu último refúgio,
Poemas sobre Amor de Walmir Ayala
2 resultados Poemas de amor de Walmir Ayala. Leia este e outros poemas de Walmir Ayala em Poetris.
Até o Fim
Até o fim com esta garganta
e estes olhos
líquidos, até o fim
com estas mãos
trémulas.Até o fim com estes pés exaustos
e estes lábios costurados
ao pé da noite. Até o fim
sem dizer nada.Até o fim estes canais premindo
o sangue.
Até o fim o obrigatório oxigénio
sobrevivência
no abstracto
difícil ar.Até o fim a tinta ilesa do amor
na alma,
até que quebrem as epidermes
desta mentira,
e o fim prossiga
até o fim.