Quero a Fome de Calar-me

Quero a fome de calar-me. O silĂȘncio. Único
Recado que repito para que me não esqueça. Pedra
Que trago para sentar-me no banquete

A Ășnica glĂłria no mundo — ouvir-te. Ver
Quando plantas a vinha, como abres
A fonte, o curso caudaloso
Da vergîntea — a sombra com que jorras do rochedo

Quero o jorro da escrita verdadeira, a dolorosa
Chaga do pastor
Que abriu o redil no prĂłprio corpo e sai
Ao encontro da ovelha separada. Cerco

Os sentidos que dispersam o rebanho. Estendo as direcçÔes, estudo-lhes
A flor — várias árvores cortadas
Continuam a altear os pĂĄssaros. Os caminhos
Seguem a linha do canivete nos troncos

As mãos acima da cabeça adornam
As águas nocturnas — pequenos
NenĂșfares celestes. As estrelas como as pinhas fechadas

Caem — quero fechar-me e cair. O silĂȘncio
Alveolar expira — e eu
Estendo-as sobre a mesa da aliança