Poemas sobre Chuva de Ant贸nio Gomes Leal

3 resultados
Poemas de chuva de Ant贸nio Gomes Leal. Leia este e outros poemas de Ant贸nio Gomes Leal em Poetris.

Noutes de Chuva

Eu n茫o sei, 贸 meu bem, cheio de gra莽as!
Se tu amas no Outomno – j谩 sem rosas! –
A longa e lenta chuva nas vidra莽as,
E as noutes glaciaes e pluviosas!

N’essas noutes sem luz, que – visionarios-
Temos chymeras misticas, celestes,
E scismamos nos pobres solitarios
Que tiritam debaixo dos cyprestes!

Que evocamos os liricos passados,
As chymeras, e as horas infelizes,
Os velhos casos tristes olvidados,-
E os mortos cora莽玫es sob as raizes!

N’essas noutes, meu bem! em que desfeito
Cae o frio granizo nas estradas,
E tanto apraz, sonhando, sobre o leito,
Ouvir a longa chuva nas cal莽adas!

N’essas noutes, electricas, nervosas,
Todas cheias d’aromas outonaes,
Que a tristeza tem formas monstruosas
Como n’um sonho os porticos claustraes.

Noutes s贸 em que o sabio acha prazeres,
– T茫o ignorados dos crueis profanos! –
E em que as nervosas, mysticas mulheres,
Desfallecem chorando nos pianos.

N’essas noutes, meu bem! 茅 que os poetas
Tem 谩s vezes seus sonhos mais brilhantes,
Folheam suas obras predilectas…

Continue lendo…

Mysticismo Humano

A alma 茅 como a noute escura, immensa e azul,
Tem o vago, o sinistro, e os canticos do sul,
Como os cantos d’amor serenos das ceifeiras
Que cantam ao luar, 谩 noute pelas eiras…
脕s vezes vem a nevoa 谩 alma satisfeita,
E cae sombria, vaga, e meuda e desfeita…
E como a folha morta em lagos somnolentos
As nossas illus玫es v茫o-se nos desalentos!

Tem um poder immenso as Cousas na tristeza!
Homem! conheces tu o que 茅 a natureza?…
– 脡 tudo o que nos cerca – 茅 o azul, o escuro,
脡 o cypreste esguio, a planta, o cedro duro,
A folha, o tronco a flor, os ramos friorentos,
脡 a floresta espessa esguedelhada aos ventos;
N茫o entra o vicio aqui com beijos dissolutos,
Nem as lendas do mal, nem os choros dos lutos!…

– E os que viram passar serenos os seus dias…
E curvados se v茫o, 谩s longas ventanias,
Cheio o peito de sol, atravez das florestas,
脕 calma do meio dia… e dormiam as sestas,
Tranquillos sobre a eira, entre as hervas nas leivas…

Continue lendo…

Cantiga do Campo

Por que andas tu mal commigo?
脫 minha doce trigueira?
Quem me dera ser o trigo
Que, andando, pisas na eira!

Quando entre as mais raparigas
Vaes cantando entre as searas,
Eu choro ao ouvir-te as cantigas
Que cantas nas noutes claras!

Os que andam na descamisa
Gabam a violla tua,
Que, 谩s vezes, ou莽o na brisa
Pelos serenos da lua.

E fallam com tristes vozes
Do teu amor singular
脕quella casa onde cozes,
Com varanda para o mar.

Por isso nada me medra,
Ando curvado e sombrio!
Quem me dera ser a pedra
Em que tu lavas no rio!

E andar comtigo, 贸 meu pomo,
Exposto 谩s chuvas e aos soes!
E uma noute morrer como
Se morrem os rouxinoes!

Morrer chorando, n’um choro
Que mais as magoas consolla,
Levando s贸 o thesouro
Da nossa triste violla!

Por que andas tu mal commigo?
脫 minha doce trigueira?
Quem me dera ser o trigo
Que, andando, pisas na eira!