Cantigas

Quando vejo a minha amada
Parece que o Sol nasceu;
Cantai, cantai alvorada
Ɠ avezinhas do cĆ©u.

Nessas Ɣguas do Mondego
Se pode a gente mirar,
Elas procuram sossego…
E vão caminho do mar.

A rosa que tu me deste
Peguei-lhe, mudou de cor;
Tornou-se de azul-celeste
Como o cƩu do nosso amor.

NĆ£o me fales da janela,
Que te não ouço da rua;
Fala-me de alguma estrela,
Que te vou ouvir da Lua.

Dizes que a letra não deve
Ser nunca miudinha;
Mas grada ou miĆŗda escreve,
Que o coração adivinha.

Não digas que me não amas
A ver se tenho ciĆŗme;
Os laços do amor são chamas,
E não se brinca com lume.

A virgem dos meus amores
Sobressai entre as mais belas:
Ɖ como a rosa entre flores,
Ɖ como o Sol entre estrelas.

Eu zombo de sol e chuva,
Noite e dia, terra e mar;
Ais de uma pobre viĆŗva,
Se os ouƧo, dƔ-me em chorar.

A sombra da nuvem passa
depressa pela seara;

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