Porque o Melhor, Enfim
Porque o melhor, enfim,
É nĂŁo ouvir nem ver…
Passarem sobre mim
E nada me doer!_ Sorrindo interiormente,
Co’as pálpebras cerradas,
Às águas da torrente
Já tão longe passadas. _Rixas, tumultos, lutas,
NĂŁo me fazerem dano…
Alheio Ă s vĂŁs labutas,
Às estações do ano.Passar o estio, o outono,
A poda, a cava, e a redra,
E eu dormindo um sono
Debaixo duma pedra.Melhor até se o acaso
O leito me reserva
No prado extenso e raso
Apenas sob a ervaQue Abril copioso ensope…
E, esvelto, a intervalos
Fustigue-me o galope
De bandos de cavalos.Ou no serrano mato,
A brigas tĂŁo propĂcio,
Onde o viver ingrato
Dispõe ao sacrifĂcioDas vidas, mortes duras
Ruam pelas quebradas,
Com choques de armaduras
E tinidos de espadas…Ou sob o piso, atĂ©,
Infame e vil da rua,
Onde a torva ralé
Irrompe, tumultua,Se estorce, vocifera,
Selvagem nos conflitos,
Com Ămpetos de fera
Nos olhos,
Poemas sobre Conflitos
3 resultadosVĂrgula
Eu menino Ă s onze horas e trinta minutos
a procurar o dia em que nĂŁo te fale
feito de resistências e ameaças — Este mundo
compreende tanto no meio em que vive
tanto no que devemos pensar.A experiência o contrário da raiz originária aliás
demasiado formal para que se possa acreditar
no mais rigoroso sentido da palavra.Tanta metafĂsica eu e tu
que já não acreditamos como antes
diferentes daquilo que entendem os filĂłsofos
— constitui uma realidade
que nĂŁo consegue dominar (nem ele prĂłprio)
as forças primitivas
quando já se tem pretendido ordens à vida humana
em conflito com outras surge agora
a necessidade dos Oásis Perdidos.E vistas assim as coisas fragmentariamente é certo
e a custo na imensidĂŁo da desordem
a que terĂŁo de ser constantemente arrancadas
— são da máxima importância as Velhas Concepções pois
a cada momento corremos grandes riscos
desconcertantes e de sinistra estranheza.Resulta isto dum olhar rápido sobre a cidade desconhecida.
E abstraindo dos versos que neste poema se referem ao mundo humano
vemos que ninguém até hoje se apossou do homem
como o frágil véu que nos separa vedados e proibidos.
Enfim Fenece o Dia
Enfim fenece o dia,
Enfim chega da noite o triste espanto,
E nĂŁo chega desta alma o doce encanta
Enfim fica triunfante a tirania,
Vencido o sofrimento,
Sem alĂvio meu mal, eu sem alento,
A sorte sem piedade,
Alegre a emulação, triste a vontade,
O gosto fenecido,
Eu infelice enfim, Lauro esquecido…
Quem viu mais dura sorte?
Tantos males, amor, para uma morte?
NĂŁo basta contra a vida
Esta ausĂŞncia cruel, esta partida?NĂŁo basta tanta dor? tanto receio?
Tanto cuidado, ai triste, e tanto enleio?
NĂŁo basta estar ausente,
Para perder a vida infelizmente?
Se não também, cruel, neste conflito
Me negas o socorro de um escrito?
Porque esta dor que a alma me penetra
NĂŁo ache o maior bem na menor letra,
Ai! bem fazes, amor, tira-me tudo!
NĂŁo há alĂvio, nĂŁo, nĂŁo há escudo,
Que a vida me defenda,
Tudo me falte, enfim, tudo me ofenda,
Tudo me tire a vida,
Pois eu a nĂŁo perdi na despedida.