Poemas sobre Desafios

9 resultados
Poemas de desafios escritos por poetas consagrados, filósofos e outros autores famosos. Conheça estes e outros temas em Poetris.

Utopia

Cidade
Sem muros nem ameias
Gente igual por dentro
Gente igual por fora
Onde a folha da palma
Afaga a cantaria
Cidade do homem
NĂŁo do lobo mas irmĂŁo
Capital da alegria

Braço que dormes
Nos braços do rio
Toma o fruto da terra
E teu a ti o deves
Lança o teu
Desafio

Homem que olhas nos olhos
Que nĂŁo negas
O sorriso a palavra forte e justa
Homem para quem
O nada disto custa
SerĂĄ que existe
LĂĄ para as margens do oriente
Este rio este rumo esta gaivota
Que outro fumo deverei seguir
Na minha rota?

Orfeu Rebelde

Orfeu rebelde, canto como sou:
Canto como um possesso
Que na casca do tempo, a canivete,
Gravasse a fĂșria de cada momento;
Canto, a ver se o meu canto compromete
A eternidade do meu sofrimento.

Outros, felizes, sejam os rouxinĂłis…
Eu ergo a voz assim, num desafio:
Que o céu e a terra, pedras conjugadas
Do moinho cruel que me tritura,
Saibam que hĂĄ gritos como hĂĄ nortadas,
ViolĂȘncias famintas de ternura.

Bicho instintivo que adivinha a morte
No corpo dum poeta que a recusa,
Canto como quem usa
Os versos em legĂ­tima defesa.
Canto, sem perguntar Ă  Musa
Se o canto Ă© de terror ou de beleza.

Requiem por Mim

Aproxima-se o fim.
E tenho pena de acabar assim,
Em vez de natureza consumada,
RuĂ­na humana.
InvĂĄlido do corpo
E tolhido da alma.
Morto em todos os ĂłrgĂŁos e sentidos.
Longo foi o caminho e desmedidos
Os sonhos que nele tive.
Mas ninguém vive
Contra as leis do destino.
E o destino nĂŁo quis
Que eu me cumprisse como porfiei,
E caísse de pé, num desafio.
Rio feliz a ir de encontro ao mar
Desaguar,
E, em largo oceano, eternizar
O seu esplendor torrencial de rio.

A Invenção da Resposta

a invenção da resposta

outrora
em riste
o passo mĂ­tico espantoso condensava
da santidade
o insurrecto pudor
o gelo do rubor
a pressa cerrada

agora
em triste
vacuidade
o desafio que expande
cede
degola
o desgarrado nexo do rasgo

Cavalo Ă  solta

Minha laranja amarga e doce
meu poema
feito de gomos de saudade
minha pena
pesada e leve
secreta e pura
minha passagem para o breve breve
instante da loucura.

Minha ousadia
meu galope
minha rédea
meu potro doido
minha chama
minha réstia
de luz intensa
de voz aberta
minha denĂșncia do que pensa
do que sente a gente certa.

Em ti respiro
em ti eu provo
por ti consigo
esta força que de novo
em ti persigo
em ti percorro
cavalo Ă  solta
pela margem do teu corpo.

Minha alegria
minha amargura
minha coragem de correr contra a ternura.

Por isso digo
canção castigo
amĂȘndoa travo corpo alma amante amigo
por isso canto
por isso digo
alpendre casa cama arca do meu trigo.

Meu desafio
minha aventura
minha coragem de correr contra a ternura.

Amo os Teus Defeitos

Amo os teus defeitos, e tantos
eram, as tuas faltas para comigo
e as minhas; essa ĂȘnfase
de rechaçar por timidez; solidão
de fazer trepadeiras, agasalhos
para velhos, depois para netos;
indulgĂȘncia de plantar e ver
o crescimento da oliveira do paraĂ­so,
carregada de flores persistentemente
caducas; essa autoridade, irremediĂĄvel
desafio; e a astĂșcia
de termos ambos quase a mesma cara.

princĂ­pio do prazer

Ă  sua volta os pombos cor de lava
nos arabescos pretos do basalto
e gente, muita gente que passava
e se detinha a olhĂĄ-la em sobressalto

no seu olhar havia uma promessa
nos seus quadris dançava um desafio
num relance de barco mas sem pressa
que fosse ao sol-poente pelo rio

trazia nos cabelos um perfume
a derramar-se em praias de alabastro
e um brilho mais sombrio quase lume
de fogo-fĂĄtuo a coroar um mastro

seu porte altivo punha Ă  vista o puro
princĂ­pio do prazer que caminhava
carnal e nobre e lĂșcido e seguro
com qualquer coisa de uma orquĂ­dea brava

e nas ruas da baixa pombalina
sua blusa encarnada era a bandeira
e o grito da revolta na retina
de quem fosse atrĂĄs dela a vida inteira.

Quem nĂŁo Ama nĂŁo Vive

JĂĄ na minha alma se apagam
As alegrias que eu tive;
SĂł quem ama tem tristezas,
Mas quem nĂŁo ama nĂŁo vive.

Andam pétalas e fÎlhas
Bailando no ĂĄr sombrĂ­o;
E as lĂĄgrimas, dos meus olhos,
VĂŁo correndo ao desafio.

Em tudo vejo Saudades!
A terra parece mĂłrta.
– Ó vento que tudo lĂ©vas,
NĂŁo venhas ĂĄ minha pĂłrta!

E as minhas rosas vermelhas,
As rosas, no meu jardim,
Parecem, assim cahidas,
Restos de um grande festim!

Meu coração desgraçado,
Bebe ainda mais licĂŽr!
– Que importa morrer amando,
Que importa morrer d’amĂŽr!

E vem ouvir bem-amado
Senhor que eu nunca mais vi:
– Morro mas levo commigo
Alguma cousa de ti.

Triste Padeço

Aves que o ar discorrei,
No vĂŽo as asas batendo,
E por vossas penas conta
Às minhas meu sentimento.

Compadecidas ouvi
De minha dor os excessos,
Mas em dizer que Ă© saudade,
Digo o que posso dizer-vos.
Triste padeço, e ausente
Os golpes dos meus receios
Nas batalhas da distĂąncia,
Nos desafios do tempo.

Nas violĂȘncias, do que choro,
Dos alĂ­vios desespero,
Que nĂŁo adormece a queixa,
Quando a desperta o desvelo.

Esmoreceu a esperança
Nas dilaçÔes do desejo
Prognosticando a ruĂ­na
Frenético o pensamento.

Se meu mal sĂŁo sintomas,
Mortais ausĂȘncias, e zelos,
Era o remédio esquecer-me,
Se em mim houvera esquecimento.

Mas se faz no meu cuidado
OperaçÔes o veneno,
Viva de senti-lo quem,
NĂŁo morre de padecĂȘ-lo.

JĂĄ que morro, ingrata sorte,
Às mãos da tua porfia,
Deixa-me inquirir um dia
A causa da minha morte:

Se amor com impulso forte
Me rendeu, como me aparta
Do bem, que na alma retrata
Minha doce saudade,

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