O Câmbio do Amor

Amor, qualquer outro diabo que nĂŁo tu
Daria, por uma alma, algo em troca.
Na Corte, teus colegas, todos os dias,
Dão a arte da rima, da caça, ou do jogo,
Por aquelas que antes a si se pertenciam;
Somente eu, o que mais dei, nada tenho,
Mas — infeliz — por ser mais vil, sou aviltado.

Não peço agora permissão
Para fingir uma lágrima, suspiro, jura;
NĂŁo te solicito para que obtenhas
Um non obstante sobre a lei natural;
Estas sĂŁo prerrogativas inerentes
A ti e aos teus; ninguém as deverá abjurar
A nĂŁo ser que fosse servo do Amor.

Dá-me a tua fraqueza, faz-me duplamente cego
Como tu e os teus, de olhos e mente.
Amor, nunca me deixes saber que isto
É amor, ou que o amor é pueril;
NĂŁo me deixes saber que outros sabem
Que ela sabe de minha dor: que essa terna afronta
Me nĂŁo torne em minha prĂłpria nova dor.

Mesmo se tu nada deres, ainda assim Ă©s justo,
Porque nĂŁo confiei nos teus primeiros sinais;
As vilas que resistem até que forte artilharia
As sujeitem,

Continue lendo…