As palavras

SĂŁo como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incĂȘndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vĂȘm, cheias de memĂłria.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as ĂĄguas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas sĂŁo de luz
e sĂŁo a noite.
E mesmo pĂĄlidas
verdes paraĂ­sos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?