O SolitĂĄrio Gesto de Viver

Onde as patas da vida pisam firme,
armei o meu bivaque. Sou gaudério
nos longes destes campos assolados
por sĂłis interminĂĄveis que ressecam
os verdes pervagados das querĂȘncias.
Ali onde me encontro, planto as solas
dos pés como o quebracho da fronteira.
A solas me interrogo no horizonte,
sombrero descaĂ­do para a nuca,
desarmado, cismando, a bomba e a cuia
me servindo do amargo todo vida.
Bombachas encardidas, poncho roto,
nĂŁo afrouxo o garrĂŁo, sigo adelante.
Quem sou eu, afinal? Alma penada,
lobisomem perdido na campina,
um ratĂŁo do banhado espavorido
no incĂȘndio da macega desta vida,
ela prĂłpria rompida em suas partes
mais vitais, mais profundas, mais curtidas,
um pelego no sol, colgado em varas
nas ventanas do pampa enlouquecido.