Quando a Morte Vier, Meu Amor

Quando a morte vier, meu amor,
fechemos os olhos para a olhar por dentro
e deixemos aos nossos lábios o murmúrio
da palavra branda jamais pronunciada
e Ă s nossas mĂŁos a carĂ­cia dispersa;
relembremos o dia impossĂ­vel,
belo por isso e por isso desprezado,
e esqueçamos o que nos não deixaram ver
e o resto que sobrou do nada que possuĂ­mos;
deixemos Ă  poesia que surge
o pranto de quem a trocou para comer
e os passos sem rumo pelas ruas hostis;
deixemos à carne o que não alcançámos,
e morramos entĂŁo, naturalmente…