Poemas sobre Luz de Natércia Freire

2 resultados
Poemas de luz de Natércia Freire. Leia este e outros poemas de Natércia Freire em Poetris.

Liberta em Pedra

Livre, liberta em pedra.
Até onde couber
tudo o que Ă© dor maior,
por dentro da harmonia jacente,
aguda, fria, atroz,
de cada dia.

Não importam feições,
curvas de seios e ancas,
pés erectos à luz
e brancas, brancas, brancas,
as mĂŁos.

Importa a liberdade
de nĂŁo ceder Ă  vida,
um segundo sequer.

Ser de pedra por fora
e sĂł por dentro ser.
– Falavas? NĂŁo ouvi.
– Beijavas? NĂŁo senti.
Morreram? Ah! Morri, morri, morri!

Livre, liberta em pedra,
voltada para a luz
e para o mar azul
e para o mar revolto…
E fugir pela noite,
sem corpo, nem dinheiro,
para ler os meus santos
e os meus aventureiros,
(para ser dos meus santos,
dos meus aventureiros),
filĂłsofos e nautas,
de tantos nevoeiros.

Entre o peso das salas,
da mĂşsica concreta,
de espantalhos de deuses,
que fará o Poeta?

Amor

Vibrátil, fina, perfumada e clara
ondula a aragem que o amor provoca.
Longe respira a vida. Aqui o sonho.
Tudo é infância de águas e colinas
Na manhĂŁ dos teus olhos.
E vĂ´os de mĂŁos dadas.
E cantos, cantos de infinito amor,
Nos galhos, nas correntes e nas sombras veladas.

Envolve-se de nuvem nosso abraço.
Vibrátil, fina, perfumada e clara
ondula a aragem. Fadas e duendes
agitam instrumentos na folhagem.

Vibrátil, fina, imperceptível, fluída
orquestra ao longe. Ao fundo dos sentidos.
Dedos de flores ondeiam sobre a pele
de CĂ©us indefinidos.

Cantam mistérios bocas fascinadas.
Abrem corolas sob a luz que as toca.
Vibrátil, fina, perfumada e clara
ondula a aragem que o amor provoca.