Eternidade
A minha eternidade neste mundo
Sejam vinte anos sĂł, depois da morte!
O vento, eles passados, que, enfim, corte
A flor que no jardim plantei tĂŁo fundo.As minhas cartas leia-as quem quiser!
Torne-se pĂşblico o meu pensamento!
E a terra a que chamei — minha mulher —
A outros dê seu lábio sumarento!A outros abra as fontes do prazer
E teça o leito em pétalas e lume!
A outros dĂŞ seus frutos a comer
E em cada noite a outros dĂŞ perfume!O globo tem dois pĂłlos: Ontem e hoje.
Dizemos só: — Meu pai! ou só:— Meu filho!
O resto Ă© baile que nĂŁo deixa trilho.
Rosto sem carne; fixidez que foge.Venham beijar-me a campa os que me beijam
Agora, frágeis, frĂvolos e humanos!
Os que me virem, morto, ainda me vejam
Depois da morte, vivo, ainda vinte anos!Nuvem subindo, anis que se evapora…
Assim um dia passe a minha vida!
Mas, antes, que uma lágrima sentida
Traga a certeza de que alguém me chora!Adro!
Poemas sobre Nuvens de Pedro Homem de Melo
2 resultados Poemas de nuvens de Pedro Homem de Melo. Leia este e outros poemas de Pedro Homem de Melo em Poetris.
Os Amigos Infelizes
Andamos nus, apenas revestidos
Da música inocente dos sentidos.Como nuvens ou pássaros passamos
Entre o arvoredo, sem tocar nos ramos.No entanto, em nĂłs, o canto Ă© quase mudo.
Nada pedimos. Recusamos tudo.Nunca para vingar as prĂłprias dores
Tiramos sangue ao mundo ou vida Ă s flores.E a noite chega! Ao longe, morre o dia…
A Pátria Ă© o CĂ©u. E o CĂ©u, a Poesia…E há mĂŁos que vĂŞm poisar em nossos ombros
E somos o silĂŞncio dos escombros.Ă“ meus irmĂŁos! em todos os paĂses,
Rezai pelos amigos infelizes!