Poemas sobre Orvalho de Ant贸nio Nobre

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Poemas de orvalho de Ant贸nio Nobre. Leia este e outros poemas de Ant贸nio Nobre em Poetris.

A Poezia do Outomno

Noitinha. O sol, qual brigue em chammas, morre
Nos longes d’agoa… 脫 tardes de novena!
Tardes de sonho em que a poezia escorre
E os bardos, a sonhar, molham a penna!

Ao longe, os rios de agoas prateadas
Por entre os verdes cannaviaes, esguios,
S茫o como estradas liquidas, e as estradas
Ao luar, parecem verdadeiros rios!

Os choupos nus, tremendo, arripiadinhos,
O chale pedem a quem vae passando…
E nos seus leitos nupciaes, os ninhos,
As lavandiscas noivam piando, piando!

O orvalho cae do c茅u, como um unguento.
Abrem as boccas, aparando-o, os goivos…
E a larangeira, aos repell玫es do vento,
Deixa cair por terra a flor dos noivos.

E o orvalho cae… E, 谩 falta d’agoa, rega
O val sem fruto, a terra arida e nua!
E o Padre-Oceano, l谩 de longe, prega
O seu Serm茫o de Lagrymas, 谩 Lua!

Tardes de outomno! 贸 tardes de novena!
Outubro! Mez de Maio, na lareira!
Tardes…
L谩 vem a Lua, gratiae plena,
Do convento dos c茅us, a eterna freira!

Carta a Manoel

Manoel, tens raz茫o. Venho tarde. Desculpa.
Mas n茫o foi Anto, n茫o fui eu quem teve a culpa,
Foi Coimbra. Foi esta paysagem triste, triste,
A cuja influencia a minha alma n茫o reziste,
Queres noticias? Queres que os meus nervos fallem?
V谩! dize aos choupos do Mondego que se callem…
E pede ao vento que n茫o uive e gema tanto:
Que, emfim, se soffre abafe as torturas em pranto,
Mas que me deixe em paz! Ah tu n茫o imaginas
Quanto isto me faz mal! Peor que as sabbatinas
Dos ursos na aula, peor que beatas correrias
De velhas magras, galopando Ave-Marias,
Peor que um diamante a riscar na vidra莽a!
Peor eu sei l谩, Manoel, peor que uma desgra莽a!
Hysterisa-me o vento, absorve-me a alma toda,
Tal a menina pelas vesperas da boda,
Atarefada mail-a ama, a arrumar…
O vento afoga o meu espirito n’um mar
Verde, azul, branco, negro, cujos vagalh玫es
S茫o todos feitos de luar, recorda莽玫es.
脕 noite, quando estou, aqui, na minha toca,
O grande evocador do vento evoca, evoca
Nosso ver茫o magnifico, este anno passado,
(E a um canto bate,

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Males de Anto

A Ares n’uma aldeia

Quando cheguei, aqui, Santo Deus! como eu vinha!
Nem mesmo sei dizer que doen莽a era a minha,
Porque eram todas, eu sei l谩! desde o odio ao tedio.
Molestias d’alma para as quaes n茫o ha remedio.
Nada compunha! Nada, nada. Que tormento!
Dir-se-ia accaso que perdera o meu talento:
No entanto, 谩s vezes, os meus nervos gastos, velhos,
Convulsionavam-nos relampagos vermelhos,
Que eram, bem o sentia, instantes de Cam玫es!
Sei de c贸r e salteado as minhas afflic莽玫es:
Quiz partir, professar n’um convento de Italia,
Ir pelo Mundo, com os p茅s n’uma sandalia…
Comia terra, embebedava-me com luz!
Extasis, spasmos da Thereza de Jezus!
Contei n’aquelle dia um cento de desgra莽as.
Andava, 谩 noite, s贸, bebia a noite 谩s ta莽as.
O meu cavaco era o dos mortos, o das loizas.
Odiava os homens ainda mais, odiava as Coizas.
Nojo de tudo, horror! Trazia sempre luvas
(Na aldeia, sim!) para pegar n’um cacho d’uvas,
Ou n’uma flor. Por cauza d’essas m茫os… Perdoae-me,
Alde玫es! eu sei que v贸s sois puros. Desculpae-me.

Mas, atravez da minha dor,

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