No Fim do VerĂŁo
No fim do verão as crianças voltam,
correm no molhe, correm no vento.
Tive medo que nĂŁo voltassem.
Porque as crianças às vezes não
regressam. NĂŁo se sabe porquĂȘ
mas também elas
morrem.
Elas, frutos solares:
laranjas romĂŁs
diĂłspiros. Sumarentas
no outono. A que vive dentro de mim
também voltou; continua a correr
nos meus dias. Sinto os seus olhos
rirem; seus olhos
pequenos brilhar como pregos
cromados. Sinto os seus dedos
cantar com a chuva.
A criança voltou. Corre no vento.
Poemas sobre Outono de Eugénio de Andrade
4 resultadosLabirinto ou Alguns Lugares de Amor
O outono
por assim dizer
pois era verĂŁo
forrado de agulhasa cal
rumorosa
do sol dos cardossem outras mĂŁos que lentas barcas
vai-se aproximando a ĂĄguaa nudez do vidro
a luz
a prumo dos mastrosos prados matinais
os pés
verdes quaseo brilho
das magnĂłlias
apertado nos dentesuma espécie de tumulto
as unhas
tĂŁo fatigadas dos dedoso bosque abre-se beijo a beijo
e Ă© branco
As FrĂĄgeis Hastes
NĂŁo voltarei Ă fonte dos teus flancos
ao fogo espesso do verĂŁo
a escorrer infatigĂĄvel
dos espelhos, nĂŁo voltarei.NĂŁo voltarei ao leito breve
onde quebrĂĄmos uma a uma
todas as frĂĄgeis
hastes do amor.Eis o outono: cresce a prumo.
Anoitecidas ĂĄguas
em febre em fĂșria em fogo
arrastam-me para o fundo.
Outono
O outono vem vindo, chegam melancolias,
cavam fundo no corpo,
instalam-se nas fendas; Ă s vezes
por aĂ ficam com a chuva
apodrecendo;
ou entĂŁo deixam marcas; as putas,
difĂceis de apagar, de tĂŁo negras,
duras.