Surdo, SubterrĂąneo Rio
Surdo, subterrĂąneo rio de palavras
me corre lento pelo corpo todo;
amor sem margens onde a lua rompe
e nimba de luar o prĂłprio lodo.Correr do tempo ou sĂł rumor do frio
onde o amor se perde e a razĂŁo de amar
– surdo, subterrĂąneo, impiedoso rio,
para onde vais, sem eu poder ficar?
Poemas sobre Razão de Eugénio de Andrade
3 resultados Poemas de razão de Eugénio de Andrade. Leia este e outros poemas de Eugénio de Andrade em Poetris.
Litania
O teu rosto inclinado pelo vento;
a feroz brancura dos teus dentes;
as mĂŁos, de certo modo, irresponsĂĄveis,
e contudo sombrias, e contudo transparentes;o triunfo cruel das tuas pernas,
colunas em repouso se anoitece;
o peito raso, claro, feito de ĂĄgua;
a boca sossegada onde apetecenavegar ou cantar, ou simplesmente ser
a cor dum fruto, o peso duma flor;
as palavras mordendo a solidĂŁo,
atravessadas de alegria e de terror,sĂŁo a grande razĂŁo, a Ășnica razĂŁo.
Sobre o Caminho
Nada
nem o branco fogo do trigo
nem as agulhas cravadas na pupila dos pĂĄssaros
te dirĂŁo a palavraNĂŁo interrogues nĂŁo perguntes
entre a razĂŁo e a turbulĂȘncia da neve
não hå diferençaNão colecciones dejectos o teu destino és tu
Despe-te
nĂŁo hĂĄ outro caminho