Eu que me Aguente Comigo
Contudo, contudo,
Também houve glådios e flùmulas de cores
Na Primavera do que sonhei de mim.
Também a esperança
Orvalhou os campos da minha visĂŁo involuntĂĄria,
Também tive quem também me sorrisse.
Hoje estou como se esse tivesse sido outro.
Quem fui nĂŁo me lembra senĂŁo como uma histĂłria apensa.
Quem serei nĂŁo me interessa, como o futuro do mundo.CaĂ pela escada abaixo subitamente,
E até o som de cair era a gargalhada da queda.
Cada degrau era a testemunha importuna e dura
Do ridĂculo que fiz de mim.Pobre do que perdeu o lugar oferecido por nĂŁo ter casaco limpo com que aparecesse,
Mas pobre também do que, sendo rico e nobre,
Perdeu o lugar do amor por nĂŁo ter casaco bom dentro do desejo.
Sou imparcial como a neve.
Nunca preferi o pobre ao rico,
Como, em mim, nunca preferi nada a nada.Vi sempre o mundo independentemente de mim.
Por trĂĄs disso estavam as minhas sensaçÔes vivĂssimas,
Mas isso era outro mundo.
Contudo a minha mĂĄgoa nunca me fez ver negro o que era cor de laranja.
Poemas sobre Ricos de Ălvaro de Campos
2 resultadosReticĂȘncias
Arrumar a vida, pÎr prateleiras na vontade e na acção.
Quero fazer isto agora, como sempre quis, com o mesmo resultado;
Mas que bom ter o propĂłsito claro, firme sĂł na clareza, de fazer qualquer coisa!
Vou fazer as malas para o Definitivo,
Organizar Ălvaro de Campos,
E amanhĂŁ ficar na mesma coisa que antes de ontem â um antes de ontem que Ă© sempre…
Sorrio do conhecimento antecipado da coisa-nenhuma que serei.
Sorrio ao menos; sempre Ă© alguma coisa o sorrir…
Produtos romĂąnticos, nĂłs todos…
E se nĂŁo fĂŽssemos produtos romĂąnticos, se calhar nĂŁo serĂamos nada.
Assim se faz a literatura…
Santos Deuses, assim até se faz a vida!
Os outros também são romùnticos,
Os outros também não realizam nada, e são ricos e pobres,
Os outros também levam a vida a olhar para as malas a arrumar,
Os outros também dormem ao lado dos papéis meio compostos,
Os outros também são eu.
Vendedeira da rua cantando o teu pregĂŁo como um hino inconsciente,
Rodinha dentada na relojoaria da economia polĂtica,
Mãe, presente ou futura, de mortos no descascar dos Impérios,