Poemas sobre Rosas de Fernando Pessoa

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Poemas de rosas de Fernando Pessoa. Leia este e outros poemas de Fernando Pessoa em Poetris.

Olhando o mar, sonho sem ter de quĂȘ

Olhando o mar, sonho sem ter de quĂȘ.
Nada no mar, salvo o ser mar, se vĂȘ.
Mas de se nada ver quanto a alma sonha!
De que me servem a verdade e a fé?

Ver claro! Quantos, que fatais erramos,
Em ruas ou em estradas ou sob ramos,
Temos esta certeza e sempre e em tudo
Sonhamos e sonhamos e sonhamos.

As ĂĄrvores longĂ­nquas da floresta
Parecem, por longĂ­nquas, ‘star em festa.
Quanto acontece porque se nĂŁo vĂȘ!
Mas do que hĂĄ pouco ou nĂŁo hĂĄ o mesmo resta.

Se tive amores? JĂĄ nĂŁo sei se os tive.
Quem ontem fui jĂĄ hoje em mim nĂŁo vive.
Bebe, que tudo Ă© lĂ­quido e embriaga,
E a vida morre enquanto o ser revive.

Colhes rosas? Que colhes, se hĂŁo-de ser
Motivos coloridos de morrer?
Mas colhe rosas. Porque nĂŁo colhĂȘ-las
Se te agrada e tudo Ă© deixar de o haver?

Elas SĂŁo Vaporosas

Elas sĂŁo vaporosas,
PĂĄlidas sombras, as rosas
Nadas da hora lunar…

VĂȘm, aĂ©reas, dançar
Com perfumes soltos
Entre os canteiros e os buxos…
Chora no som dos repuxos
O ritmo que hĂĄ nos seus vultos…

Passam e agitam a brisa…
PĂĄlida, a pompa indecisa
Da sua flébil demora
Paira em aurĂ©ola Ă  hora…

Passam nos ritmos da sombra…
Ora Ă© uma folha que tomba,
Ora uma brisa que treme
Sua leveza solene…

E assim vĂŁo indo, delindo
Seu perfil Ășnico e lindo,
Seu vulto feito de todas,
Nas alamedas, em rodas,
No jardim lĂ­vido e frio…

Passam sozinhas, a fio,
Como um fumo indo, a rarear,
Pelo ar longĂ­nquo e vazio,
Sob o, disperso pelo ar,
PĂĄlido pĂĄlio lunar …