Testemunho Incontestado

1

Camões, mas que Camões?
Que mundo em transição se fixa nesta língua
Que margem se afirma
na lĂ­ngua que se inventa?
Que poeta transita
no mundo que se fixa?
Que poema se afixa
na mente que se alarga
Ă  escala do Globo Universal
e amarga?
Que contrários se afrontam
nos ossos que nos tentam?
Camões, mas que Camões é este
que nos marca?

2

homem ou texto
olho vazado ou letra
miséria ou redondilha
bruxo velho ou brochura
sabedoria ou ilha
pesadelo ou visĂŁo
aventureiro ou máquina
tensa gasta ou tensĂŁo
um cego amor ou mundo
novidade ou idade
horizonte ou imagem
Camões ou re-Camões
Fortuna ou coisa amada
mudança ou só desejo
?

3

o lĂ­rico nas lonas

o Ă©pico e o hĂ­pico
que só a pé andou

corre o mundo em degredo
liberta-se em prisões

sĂł um olho lhe basta
para a visĂŁo dos tempos
que novos se dispersam

e em não contradição se contradiz

4

dissipo a vida
se
dissipo a morte

aprendo a vida
se
aprendo a morte

sustento a vida
se
sustenho a morte

re contenho a vida

se retenho a morte