Poemas sobre Santidade

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Poemas de santidade escritos por poetas consagrados, filósofos e outros autores famosos. Conheça estes e outros temas em Poetris.

ExercĂ­cio Espiritual

Ouço-os de todo o lado.
Eu Ă© que sou assim.
Eu Ă© que sou assado,
Eu Ă© que sou o anjo revoltado,
Eu Ă© que nĂŁo tenho santidade…

Quando, afinal, ninguém
Põe nos ombros a capa da humildade,
E vem.

A Invenção da Resposta

a invenção da resposta

outrora
em riste
o passo mĂ­tico espantoso condensava
da santidade
o insurrecto pudor
o gelo do rubor
a pressa cerrada

agora
em triste
vacuidade
o desafio que expande
cede
degola
o desgarrado nexo do rasgo

GRITO

De ti que inventaste
a paz
a ternura
e a paixĂŁo
o beijo
o beijo fundo intenso e louco
e deixaste lá para trás
a cĂ´ncava do medo
Ă  hora entre cĂŁo e lobo
Ă  hora entre lobo e cĂŁo.

De ti que em cada ano
cada dia cada mĂŞs
nĂŁo paraste de acender
uma e outra vez
a flor eléctrica
do mais desvairado
coração.

De ti que fugiste Ă  estepe
e obrigaste
Ă  ordem dos caminhos
o pastor
a cabra e o boi
e do fundo do tempo
me chamaste teu irmĂŁo.

De ti que ergueste a casa
sobre estacas
e pariste
deuses e linguagens
guerras
e paisagens sem alento.

De ti que domaste
o cavalo e os neutrões
e conquistaste
o lĂ­rico tropel
das águas e do vento.

De ti que traçaste
a régua e esquadro
uma abĂłboda inquieta
semeada de nuvens e tritões
santidades e tormentos.

De ti que levaste
a volupta da ambição
a trepar erecta
contra as leis do firmamento.

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Hino Ă  Beleza

Onde quer que o fulgor da tua glória apareça,
— Obra de génio, flor de heroísmo ou santidade, —
Da Gioconda imortal na radiosa cabeça,
Num acto de grandeza augusta ou de bondade,

— Como um pagão subindo à Acrópole sagrada,
Vou de joelhos render-te o meu culto piedoso,
Ou seja o HerĂłi que leva uma aurora na Espada,
Ou o Santo beijando as chagas do Leproso.

Essa luz sem igual com que sempre iluminas
Tudo o que existe em nĂłs de grande e puro, veio
Do mesmo foco em mil parábolas divinas:
— Raios do mesmo olhar, ânsias do mesmo seio.

Alta revelação que, baixando em segredo,
O prisma humano quebra em ângulos dispersos,
Como a água a cair de rochedo em rochedo
Repete o mesmo som, mas em modos diversos.

É audácia no Herói; resignação no Santo;
Som e Cor, ondulando em formas imortais;
No mármore rebelde abre em folhas de acanto,
E esmalta de candura a flora dos vitrais.

Ă“ Beleza! Ă“ Beleza! as Horas fugitivas
Passam diante de ti, aladas como sonhos…

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O Que Eu Sou

Nocturna e dubia luz
Meu sĂŞr esboça e tudo quanto existe…
Sou, num alto de monte, negra cruz,
Onde bate o luar em noite triste…

Sou o espirito triste que murmura
Neste silencio lĂşgubre das Cousas…
Eu Ă© que sou o Espectro, a Sombra escura
De falecidas formas mentirosas.

E tu, Sombra infantil do meu AmĂ´r,
És o Sêr vivo, o Sêr Espiritual,
A Presença radiosa…
Eu sou a DĂ´r,
Sou a tragica Ausencia glacial…

Pois tu vives, em mim, a vida nova,
E eu já nĂŁo vivo em ti…
Mas quem morreu?
Fôste tu que baixaste á fria cova?
Oh, nĂŁo! Fui eu! Fui eu!

Horrivel cataclismo e negra sorte!
Tu fĂ´ste um mundo ideal que se desfez
E onde sonhei viver apoz a morte!
Vendo teus lindos olhos, quanta vez,
Dizia para mim: eis o logar
Da minha espiritual, futura imagem…
E viverei á luz daquele olhar,
Divino sol de mistica Paisagem.

Era minha ambição primordial
Legar-lhe a minha imagem de saudade;
Mas um vento cruel de temporal,

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