Poemas sobre Terra de Filinto ElĂ­sio

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Tinha de Fachos Mil a Noite Ornado

1

Tinha de fachos mil a noite ornado
A argentada Princesa:
De amor, graça e beleza
O campo etéreo Vénus povoado.

2

A Terra, com perfume precioso
Em torno recendia;
E plácido dormia
Sobre a dourada areia o pego undoso;

3

Quando veio roubar a formosura
De tudo o que Ă© criado,
Márcia, fiel traslado
Da beleza do CĂ©u, sublime e pura;

4

Com LĂ­rios, que estendeu, vestiu ufana
A forma divinal;
Em aceso coral
Tingiu, sorrindo, a boca soberana,

5

As madeixas tomou das veias de ouro,
Nos olhos pĂ´s safiras,
Que das setas, que atiras,
SĂŁo, fero Amor, o mais caudal tesouro.

6

Todos seus dons lhe pĂ´s o CĂ©u no peito;
Como orna o RĂ©gio Sposo,
C’o enfeite mais custoso,
A Princesa, a quem rende a alma, sujeito.

7

Eu vi afadigados os Amores,
E as Graças, que cantavam
Enquanto se moldavam
Seus graciosos gestos vencedores.

8

Das Sereias o canto deleitoso
Lhe nasceu sem estudo;

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Ode à Esperança

1

Vem, vem, doce Esperança, único alívio
Desta alma lastimada;
Mostra, na c’roa, a flor da Amendoeira,
Que ao Lavrador previsto,
Da Primavera próxima dá novas.

2

Vem, vem, doce Esperança, tu que animas
Na escravidĂŁo pesada
O aflito prisioneiro: por ti canta,
Condenado ao trabalho,
Ao som da braga, que nos pés lhe soa,

3

Por ti veleja o pano da tormenta
O marcante afouto:
No mar largo, ao saudoso passageiro,
(Da sposa e dos filhinhos)
Tu lhe pintas a terra pelas nuvens.

4

Tu consolas no leito o lasso enfermo,
C’os ares da melhora,
Tu dás vivos clarões ao moribundo,
Nos já vidrados olhos,
Dos horizontes da Celeste Pátria.

5

Eu já fui de teus dons também mimoso;
A vida largos anos
Rebatida entre acerbos infortĂşnios
A sustentei robusta
Com os pomos de teus vergéis viçosos.

6

Mas agora, que Márcia vive ausente;
Que nĂŁo me alenta esquiva
C’o brando mimo dum de seus agrados,

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Ode Ă  Amizade

Se depois do infortĂşnio de nascermos
Escravos da Doença e dos Pesares
Alvos de Invejas, alvos de CalĂşnias
Mostrando-nos a campa
A cada passo aberta o Mar e a Terra;
Um raio despedido, fuzilando
Terror e morte, no rasgar das nuvens
O tenebroso seio
A Divina Amizade nĂŁo viera
Com piedosa mĂŁo limpar o pranto,
Embotar com dulcĂ­ssono conforto
As lanças da Amargura;
O Sábio espedaçara os nós da vida
Mal que a RazĂŁo no espelho da ExperiĂŞncia
Lhe apontasse apinhados inimigos
C’o as cruas mĂŁos armadas;
Terna Amizade, em teu altar tranquilo
Ponho — por que hoje, e sempre arda perene
O vago coração, ludíbrio e jogo
Do zombador Tirano.
Amor me deu a vida: a vida enjeito,
Se a Amizade a nĂŁo doura, a nĂŁo afaga;
Se com mais fortes nĂłs, que a Natureza,
Lhe nĂŁo ata os instantes.
Que só ditosos são na aberta liça
Dois mortais, que nos braços da Amizade,
Estreitos se unem, bebem de teu seio
Nectárea valentia.
Tu cerceias o mal, o bem dilatas,
E as almas que cultivas cuidadosa,

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