Poemas sobre Trigo

25 resultados
Poemas de trigo escritos por poetas consagrados, filósofos e outros autores famosos. Conheça estes e outros temas em Poetris.

As Balas

Dá o Outono as uvas e o vinho
Dos olivais o azeite nos Ă© dado
Dá a cama e a mesa o verde pinho
As balas dĂŁo o sangue derramado

Dá a chuva o Inverno criador
As sementes da sulcos o arado
No lar a lenha em chama dá calor
As balas dĂŁo o sangue derramado

Dá a Primavera o campo colorido
GlĂłria e coroa do mundo renovado
Aos corações dá amor renascido
As balas dĂŁo o sangue derramado

Dá o Sol as searas pelo Verão
O fermento ao trigo amassado
No esbraseado forno dá o pão
As balas dĂŁo o sangue derramado

Dá cada dia ao homem novo alento
De conquistar o bem que lhe Ă© negado
Dá a conquista um puro sentimento
As balas dĂŁo o sangue derramado

Do meditar, concluir, ir e fazer
Dá sobre o mundo o homem atirado
Ă€ paz de um mundo novo de viver
As balas dĂŁo o sangue derramado

Dá a certeza o querer e o concluir
O que tanto nos nega o Ăłdio armado
Que a vida construir Ă© destruir
Balas que o sangue derramado

Que as balas sĂł dĂŁo sangue derramado
SĂł roubo e fome e sangue derramado
SĂł ruĂ­na e peste e sangue derramado
SĂł crime e morte e sangue derramado.

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Com FĂşria e Raiva

Com fĂşria e raiva acuso o demagogo
E o seu capitalismo das palavras

Pois Ă© preciso saber que a palavra Ă© sagrada
Que de longe muito longe um povo a trouxe
E nela pĂ´s sua alma confiada

De longe muito longe desde o inĂ­cio
O homem soube de si pela palavra
E nomeou a pedra a flor a água
E tudo emergiu porque ele disse

Com fĂşria e raiva acuso o demagogo
Que se promove Ă  sombra da palavra
E da palavra faz poder e jogo
E transforma as palavras em moeda
Como se fez com o trigo e com a terra

Pequena América

Quando vejo a forma
da América no mapa,
amor, Ă© a ti que eu vejo:
as alturas do cobre em tua cabeça,
os teus peitos, trigo e neve,
a tua cintura delgada,
velozes rios que palpitam, doces
colinas e prados
e no frio do sul teus pés completam
a sua geografia de ouro duplicado.

Amor, se te toco,
minhas mĂŁos nĂŁo percorrem
apenas as tuas delĂ­cias,
mas ramos e terras, frutos e água,
a primavera que eu amo,
a lua do deserto, o peito
das pombas selvagens,
a suavidade das pedras polidas
pelas águas do mar ou dos rios
e a vermelha espessura
dos matagais onde
a sede e a fome espreitam.
E assim a minha extensa pátria me recebe,
pequena América, em teu corpo.

Mais ainda: quando te vejo reclinada,
em tua pele eu vejo, em tua cor de aveia,
a nacionalidade do meu carinho.
Porque dos teus ombros
fita-me, inundado de escuro suor,
o cortador de cana
de Cuba abrasadora,
e através da tua garganta
pescadores que tiritam
nas hĂşmidas casas do litoral
cantam-me o seu segredo.

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Sobre o Caminho

Nada

nem o branco fogo do trigo
nem as agulhas cravadas na pupila dos pássaros
te dirĂŁo a palavra

NĂŁo interrogues nĂŁo perguntes
entre a razĂŁo e a turbulĂŞncia da neve
não há diferença

Não colecciones dejectos o teu destino és tu

Despe-te
não há outro caminho

Interrogação

Onde é que está essa mulher fadada,
Que o meu sonho criou num desvario,
Acaso existe, acaso foi criada,
Ou vive apenas porque eu a crio?

Onde Ă© que vive essa mulher sonhada,
Da minha mesa o vinho e o loiro trigo,
Acaso morta jaz desfeita em nada?
Acaso, assim, há-de vir ter comigo?

Onde Ă© que existe essa mulher que um dia
Eu me pus a chamar e nĂŁo me ouviu,
Onde Ă© que passa oculta a sua vida,
Acaso nunca essa mulher me viu?

Acaso, Ă s vezes penso, essa mulher
Traz em sua alma algum poder oculto,
Para que nunca, ou uma vez sequer,
CaĂ­sse em mim a sombra do seu vulto?

Acaso nunca essa mulher que eu sonho,
Há-de vir abraçar-se ao meu desejo,
Pondo em mim esse amor que nela eu ponho,
Acaso nunca me dará um beijo?

Acaso nunca essa mulher que eu amo,
Como se pode amar com mais loucura,
Há-de vir até mim quando eu a chamo,
Para me dar um pouco de ternura?

Acaso nunca essa mulher dilecta
Enxugará meus olhos ao sol-pôr,

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