Horas De Sombra
Horas de sombra, de silĂȘncio amigo
Quando hĂĄ em tudo o encanto da humildade
E que o anjo branco e belo da saudade
Roga por nĂłs o seu perfil antigo.Horas que o coração nĂŁo vĂȘ perigo
De gozar, de sentir com liberdade…
Horas da asa imortal da Eternidade
Aberta sobre tumular jazigo.Horas da compaixĂŁo e da clemĂȘncia,
Dos segredos sagrados da existĂȘncia,
De sombras de perdão sempre benditas.Horas fecundas, de mistério casto,
Quando dos céus desce, profundo e vasto,
O repouso das almas infinitas.
Sonetos sobre Anjos de Cruz e Souza
10 resultadosViolinos
Pelas bizarras, gĂłticas janelas
De um tempo medieval o sol ondula:
Nunca os vitrais viram visÔes mais belas
Quando, no ocaso, o sol os doura e oscula…Doces, multicores aquarelas
Sobre um saudoso cĂ©u que alĂ©m se azula…
Calma, serena, divinal, entre eras,
A pomba ideal dos Ăngelus arrula…Rezam de joelhos anjos de mĂŁos postas
Através dos vitrais, e nas encostas
Dos montes sobe a claridade ondeando…Ă a lua de Deus, que as curves meigas
Foi ondular pelos vergéis e veigas
MagnĂłlias e lĂrios desfolhando…
O Coração
O coração é a sagrada pira
Onde o mistério do sentir flameja.
A vida da emoção ele a deseja
como a harmonia as cordas de uma lira.Um anjo meigo e cĂąndido suspira
No coração e o purifica e beija…
E o que ele, o coração, aspira, almeja
à o sonho que de lågrimas delira.à sempre sonho e também é piedade,
Doçura, compaizão e suavidade
E graça e bem, misericórdia pura.Uma harmonia que dos anjos desce,
Que como estrela e flor e som floresce
Maravilhando toda criatura!
A Perfeição
A Perfeição Ă© a celeste ciĂȘncia
Da cristalização de almos encantos,
De abandonar os mĂłrbidos quebrantos
E viver de uma oculta florescĂȘncia.Noss’alma fica da clarividĂȘncia
Dos astros e dos anjos e dos santos,
Fica lavada na lustral dos prantos,
Ă dos prantos divina e pura essĂȘncia.Noss’alma fica como o ser que Ă s lutas
As mĂŁos conserva limpas, impolutas,
Sem as manchas do sangue mau da guerra.A Perfeição é a alma estar sonhando
Em soluços, soluços, soluçando
As agonias que encontrou na Terra.!
VisĂŁo Guiadora
Ă alma silenciosa e compassiva
Que conversas com os Anjos da Tristeza,
Ă delicada e lĂąnguida beleza
Nas cadeias das lĂĄgrimas cativa.FrĂĄgil, nervosa timidez lasciva,
Graça magoada, doce sutileza
De sombra e luz e da delicadeza
Dolorosa de mĂșsica aflitiva.Alma de acerbo, amargurado exĂlio,
Perdida pelos cĂ©us num vago idĂlio
Com as almas e visÔes dos desolados.à tu que és boa e porque és boa és bela,
Da Fé e da Esperança eterna estrela
Todo o caminho dos desamparados.
SilĂȘncios
Largos SilĂȘncios interpretativos,
Adoçados por funda nostalgia,
Balada de consolo e simpatia
Que os sentimentos meus torna cativos.Harmonia de doces lenitivos,
Sombra, segredo, lĂĄgrima, harmonia
Da alma serena, da alma fugidia
Nos seus vagos espasmos sugestivos.Ă SilĂȘncios! Ăł cĂąndidos desmaios,
VĂĄcuos fecundos de celestes raios
De sonhos, no mais lĂmpido cortejo…Eu vos sinto os mistĂ©rios insondĂĄveis,
Como de estranhos anjos inefĂĄveis
O glorioso esplendor de um grande beijo!
Harpas Eternas
Hordas de Anjos titĂąnicos e altivos,
Serenos, colossais, flamipotentes,
De grandes asas vĂvidas, frementes,
De formas e de aspectos expressivos.Passam, nos sĂłis da GlĂłria redivivos,
Vibrando as de ouro e de Marfim dolentes,
Finas harpas celestes, refulgentes,
Da luz nos altos resplendores vivosE as harpas enchem todo o imenso espaço
De um cĂąntico pagĂŁo, lascivo, lasso,
Original, pecaminoso e brando…E fica no ar, eterna, perpetuada
A lĂąnguida harmonia delicada
Das harpas, todo o espaço avassalando.
A Grande Sede
Se tens sede de Paz e d’Esperança,
Se estĂĄs cego de Dor e de Pecado,
Valha-te o Amor, Ăł grande abandonado,
Sacia a sede com amor, descansa.Ah! volta-te a esta zona fresca e mansa
Do Amor e ficarĂĄs desafogado,
HĂĄs de ver tudo claro, iluminado
Da luz que uma alma que tem fé alcança.O coração que é puro e que é contrito,
Se sabe ter doçura e ter dolĂȘncia
Revive nas estrelas do Infinito.Revive, sim, fica imortal, na essĂȘncia
Dos Anjos paira, nĂŁo desprende um grito
E fica, como os Anjos, na ExistĂȘncia.
Grande Amor
Grande amor, grande amor, grande mistério
Que as nossas almas trĂȘmulas enlaça…
Céu que nos beija, céu que nos abraça
Num abismo de luz profundo e sério.Eterno espasmo de um desejo etéreo
E bålsamo dos bålsamos da graça,
Chama secreta que nas almas passa
E deixa nelas um clarão sidéreo.Cùntico de anjos e de arcanjos vagos
Junto Ă s ĂĄguas sonĂąmbulas de lagos,
Sob as claras estrelas desprendido…Selo perpĂ©tuo, puro e peregrino
Que prende as almas num igual destino,
Num beijo fecundado num gemido.
Dupla Via-LĂĄctea
Sonhei! Sempre sonhar! No ar ondulavam
Os vultos vagos, vaporosos, lentos,
As formas alvas, os perfis nevoentos
Dos Anjos que no Espaço desfilavam.E alas voavam de Anjos brancos, voavam
Por entre hosanas e chamejamentos…
Claros sussurros de celestes ventos
Dos Anjos longas vestes agitavam.E tu, jĂĄ livre dos terrestres lodos,
Vestida do esplendor dos astros todos,
Nas auréolas dos céus engrinaldadaDentre as zonas de luz flamo-radiante,
Na cruz da Via-LĂĄctea palpitante
Apareceste entĂŁo crucificada!