Quantas vezes, Amor, me tens ferido?
Quantas vezes, Amor, me tens ferido?
Quantas vezes, RazĂŁo, me tens curado?
QuĂŁo fĂĄcil de um estado a outro estado
O mortal sem querer Ă© conduzido!Tal, que em grau venerando, alto e luzido,
Como que até regia a mão do fado,
Onde o Sol, bem de todos, lhe Ă© vedado,
Depois com ferros vis se vĂȘ cingido:Para que o nosso orgulho as asas corte,
Que variedade inclui esta medida,
Este intervalo da existĂȘncia Ă morte!Travam-se gosto, e dor; sossego e lida;
Ă lei da natureza, Ă© lei da sorte,
Que seja o mal e o bem matiz da vida.
Sonetos sobre Asas de Manuel Maria Barbosa du Bocage
2 resultados Sonetos de asas de Manuel Maria Barbosa du Bocage. Leia este e outros sonetos de Manuel Maria Barbosa du Bocage em Poetris.
Esperança Amorosa
Grato silĂȘncio, trĂ©mulo arvoredo,
Sombra propĂcia aos crimes e aos amores,
Hoje serei feliz! – Longe, temores,
Longe, fantasmas, ilusÔes do medo.Sabei, amigos Zéfiros, que cedo
Entre os braços de Nise, entre estas flores,
Furtivas glĂłrias, tĂĄcitos favores,
Hei-de enfim possuir: porém segredo!Nas asas frouxos ais, brandos queixumes
Não leveis, não façais isto patente,
Quem nem quero que o saiba o pai dos numes:Cale-se o caso a Jove omnipotente,
Porque, se ele o souber, terĂĄ ciĂșmes,
VibrarĂĄ contra mim seu raio ardente.