Soneto de Mal Amar

Invento-te    recordo-te   distorço
a tua imagem mal e bem amada
sou apenas a forja em que me forço
a fazer das palavras tudo ou nada.

A palavra desejo incendiada
lambendo a trave mestra do teu corpo
a palavra ciĂșme atormentada
a provar-me que ainda nĂŁo estou morto.

E as coisas que eu nĂŁo disse? Que nĂŁo digo:
Meu terraço de ausĂȘncia    meu castigo
meu pĂąntano de rosas afogadas.

Por ti me reconheço e contradigo
chĂŁo das palavras mĂĄgoa joio e trigo
apenas por ternura levedadas.