A Musa Venal
Musa do meu amor, Ăł principesca amante,
Quando o inverno chegar, com seus ventos irados
Pelos longos serÔes, de frio tiritante,
Com que hås-de acalentar os pésitos gelados?Tencionas aquecer o colo deslumbrante
Com os raios de luz pelos vidros filtrados?
Tendo a casa vazia e a bolsa agonizante
o ouro vais roubar aos céus iluminados?Precisas, para obter o triste pão diårio,
Fazer de sacristĂŁo e de turibulĂĄrio,
Entoar um Te-Deum, sem crença nem favor,Ou, como um saltimbanco esfomeado, mostrar
As tuas perfeiçÔes, atravĂ©s d’um olhar
Onde ocultas, a rir, o natural pudor!Tradução de Delfim Guimarães
Sonetos sobre Crença de Charles Baudelaire
2 resultados Sonetos de crença de Charles Baudelaire. Leia este e outros sonetos de Charles Baudelaire em Poetris.
A Teodoro de Banville
De tal modo agarraste a Deusa pela crina,
Com ar dominador, num gesto sacudido
Que se alguém presencia o caso acontecido
Poderia julgar-te um rufiĂŁo de esquina.Com o lĂmpido olhar, â precoce e ardente vista,
Audaz, vais expandido o orgulho de arquitecto
Em nobres produçÔes, de traço tão correcto,
Que deixam futurar um prodigioso artista.O nosso sangue, Poeta, esvai-se dia a dia!…
Acaso, do Centauro, a tĂșnica sombria,
â Que, fĂșnebres caudais as velas transformava âTrĂȘs vezes se tingiu com as barbas subtis
D’aqueles infernais, monstruosos, rĂ©pteis,
Que Hércules, em crença, a rir, estrangulava?Tradução de Delfim Guimarães