Sonetos sobre TĂșnica

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Sonetos de tĂșnica escritos por poetas consagrados, filĂłsofos e outros autores famosos. Conheça estes e outros temas em Poetris.

XVIII

Dormes… Mas que sussurro a umedecida
Terra desperta? Que rumor enleva
As estrelas, que no alto a Noite leva
Presas, luzindo, Ă  tĂșnica estendida?

SĂŁo meus versos! Palpita a minha vida
Neles, falenas que a saudade eleva
De meu seio, e que vĂŁo, rompendo a treva,
Encher teus sonhos, pomba adormecida!

Dormes, com os seios nus, no travesseiro
Solto o cabelo negro… e ei-los, correndo,
Doudejantes, sutis, teu corpo inteiro

Beijam-te a boca tépida e macia,
Sobem, descem, teu hĂĄlito sorvendo
Por que surge tĂŁo cedo a luz do dia?!

Plena Nudez

Eu amo os gregos tipos de escultura:
PagĂŁs nuas no mĂĄrmore entalhadas;
Não essas produçÔes que a estufa escura
Das modas cria, tortas e enfezadas.

Quero um pleno esplendor, viço e frescura
Os corpos nus; as linhas onduladas
Livres: de carne exuberante e pura
Todas as saliĂȘncias destacadas…

NĂŁo quero, a VĂȘnus opulenta e bela
De luxuriantes formas, entrevĂȘ-la
De transparente tĂșnica atravĂ©s:

Quero vĂȘ-la, sem pejo, sem receios,
Os braços nus, o dorso nu, os seios
Nus… toda nua, da cabeça aos pĂ©s!

Depois Da Orgia

O prazer que na orgia a hetaĂ­ra goza
Produz no meu sensorium de bacante
O efeito de uma tĂșnica brilhante
Cobrindo ampla apostema escrofulosa!

Troveja! E anelo ter, sĂŽfrega e ansiosa,
O sistema nervoso de um gigante
Para sofrer na minha carne estuante
A dor da força cósmica furiosa.

Apraz-me, enfim, despindo a Ășltima alfaia
Que ao comércio dos homens me traz presa,
Livre deste cadeado de peçonha,

Semelhante a um cachorro de atalaia
Às decomposiçÔes da Natureza,
Ficar latindo minha dor medonha!

Auréola Equatorial

A Teodoreto Souto

Fundi em bronze a estrofe augusta dos prodĂ­gios,
Poetas do Equador, artĂ­sticos Barnaves;
Que o facho — Abolição — rasgando as nuvens graves
De raios e bulcĂ”es — triunfa nos litĂ­gios!

— O rei Mamoud, o Sol, vibrou p’raquelas bandas
do Norte — a grande luz — elĂ©trico, explodindo,
Assim como quem vai, intrépido, subindo
À luz da idade nova — em claras propagandas.

— Os pĂĄssaros titĂŁs nos seus conciliĂĄbulos,
— Chilreiam, vĂŁo cantando em mĂ­sticos vocĂĄbulos,
Alargam-se os pulmÔes nevrålgicos das zonas;

Abri alas, abri! — Que em tĂșnica de assombros,
IrĂĄ passar por vĂłs, com a Liberdade aos ombros,
Como um colosso enorme o impĂĄvido Amazonas!

A Teodoro de Banville

De tal modo agarraste a Deusa pela crina,
Com ar dominador, num gesto sacudido
Que se alguém presencia o caso acontecido
Poderia julgar-te um rufiĂŁo de esquina.

Com o límpido olhar, — precoce e ardente vista,
Audaz, vais expandido o orgulho de arquitecto
Em nobres produçÔes, de traço tão correcto,
Que deixam futurar um prodigioso artista.

O nosso sangue, Poeta, esvai-se dia a dia!…
Acaso, do Centauro, a tĂșnica sombria,
— Que, fĂșnebres caudais as velas transformava —

TrĂȘs vezes se tingiu com as barbas subtis
D’aqueles infernais, monstruosos, rĂ©pteis,
Que Hércules, em crença, a rir, estrangulava?

Tradução de Delfim Guimarães

Soneto De Agosto

Tu me levaste eu fui… Na treva, ousados
Amamos, vagamente surpreendidos
Pelo ardor com que estĂĄvamos unidos
NĂłs que andĂĄvamos sempre separados.

Espantei-me, confesso-te, dos brados
Com que enchi teus patéticos ouvidos
E achei rude o calor dos teus gemidos
Eu que sempre os julgara desolados.

SĂł assim arrancara a linha inĂștil
Da tua eterna tĂșnica inconsĂștil…
E para a glĂłria do teu ser mais franco

Quisera que te vissem como eu via
Depois, Ă  luz da lĂąmpada macia
O pĂșbis negro sobre o corpo branco.