Sonetos sobre Humildes

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Sonetos de humildes escritos por poetas consagrados, filósofos e outros autores famosos. Conheça estes e outros temas em Poetris.

Soneto À Tua Volta

Voltaste, meu amor… enfim voltaste!
Como fez frio aqui sem teu carinho….
A flor de outrora refloresce na haste
que pendia sem vida em meu caminho.

Obrigado… Eu vivia tĂŁo sozinho…
Que infinita alegria, e que contraste!
-Volta a antiga embriaguez porque voltaste
e Ă© doce o amor, porque Ă© mais velho o vinho!

Voltaste… E dou-te logo este poema
simples e humilde repetindo um tema
da alma humana esgotada e envelhecida…

Mil poetas outras voltas celebraram,
mas, que importa? se tantas já voltaram
sĂł tu voltaste para a minha vida…

Um Mover D’olhos, Brando E Piadoso

Um mover d’olhos, brando e piadoso,
sem ver de quĂŞ; um riso brando e honesto,
quase forçado; um doce e humilde gesto,
de qualquer alegria duvidoso;

um despejo quieto e vergonhoso;
um repouso gravĂ­ssimo e modesto;
ĂĽa pura bondade, manifesto
indĂ­cio da alma, limpo e gracioso;

um encolhido ousar; ĂĽa brandura;
um medo sem ter culpa; um ar sereno;
um longo e obediente sofrimento;

esta foi a celeste fermosura
da minha Circe, e o mágico veneno
que pĂ´de transformar meu pensamento.

Vésper

Do seu fastĂ­gio azul, serena e fria,
Desce a noite outonal, augusta e bela;
VĂ©sper fulgura alĂ©m… VĂ©sper! SĂł ela
Todo o céu, doce e pálida, alumia.

De um mosteiro na cĂşpula irradia
Com frouxa luz… Em sua humilde cela,
Contemplativa e lânguida à janela,
Triste freira, fitando-a, se extasia…

Vésper, envolta em deslumbrante alvura,
Ó nuvens, que ides pelo espaço afora!
A quem tĂŁo longo olhar volve da altura?

Que olhar, irmĂŁo do seu, procura agora
Na terra o astro do amor? O olhar procura
Da solitária freira que o namora.

Em Flor Vos Arrancou, De EntĂŁo Crecida

Em flor vos arrancou, de entĂŁo crescida
(Ah! senhor dom AntĂłnio!), a dura sorte,
donde fazendo andava o braço forte
a fama dos Antigos esquecida.

ĂĽa sĂł razĂŁo tenho conhecida
com que tamanha mágoa se conforte:
que, pois no mundo havia honrada morte,
que nĂŁo podĂ­eis ter mais larga a vida.

Se meus humildes versos podem tanto
que co desejo meu se iguale a arte,
especial matéria me sereis.

E, celebrado em triste e longo canto,
se morrestes nas mĂŁos do fero Marte,
na memĂłria das gentes vivereis.

Escrava

Ă“ meu Deus, Ăł meu dono, Ăł meu senhor,
Eu te saĂşdo, olhar do meu olhar,
Fala da minha boca a palpitar,
Gesto das minhas mĂŁos tontas de amor!

Que te seja propĂ­cio o astro e a flor,
Que a teus pés se incline a Terra e o Mar,
Plos séculos dos séculos sem par,
Ă“ meu Deus, Ăł meu dono, Ăł meu senhor!

Eu, doce e humilde escrava, te saĂşdo,
E, de mĂŁos postas, em sentida prece,
Canto teus olhos de oiro e de veludo.

Ah! esse verso imenso de ansiedade,
Esse verso de amor que te fizesse
Ser eterno por toda a eternidade!…

O Mágico Veneno

Um mover de olhos, brando e piedoso,
Sem ver de quĂŞ; um riso brando e honesto,
Quase forçado; um doce e humilde gesto,
De qualquer alegria duvidoso;

Um despejo quieto e vergonhoso;
Um repouso gravĂ­ssimo e modesto;
Uma pura bondade, manifesto
IndĂ­cio da alma, limpo e gracioso;

Um encolhido ousar; uma brandura;
Um medo sem ter culpa; um ar sereno;
Um longo e obediente sofrimento;

Esta foi a celeste formosura
Da minha Circe, e o mágico veneno
Que pĂ´de transformar meu pensamento.

Sempre E Sempre

De longe ou perto, juntas, separadas,
Olhando sempre os mesmos horizontes,
Presas, unidas nossas duas fontes
GĂŞmeas, ardentes, novas, inspiradas;

Vendo cair as lágrimas prateadas,
Sentindo o coro harmĂ´nico das fontes,
Sempre fitando a cĂşspide dos montes
E o rosicler das frescas alvoradas;

Sempre embebendo os lĂ­mpidos olhares
Na claridĂŁo dos humildes luares,
No loiro sol das crenças se embebendo,

VĂŁo nossas almas brancas e floridas
Pelo futuro azul das nossas vidas,
Sempre se amando, sempre se querendo.