Sonetos sobre Mágoa de Francisco Joaquim Bingre

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Sonetos de mágoa de Francisco Joaquim Bingre. Leia este e outros sonetos de Francisco Joaquim Bingre em Poetris.

JuĂ­zo

Quando, nos quatro ângulos da Terra,
Troarem as trombetas ressurgentes,
Despertadoras dos mortais dormentes,
Por onde um Deus irado aos homens berra:

Prontos, num campo, em apinhada serra,
Todos nus assistir devem viventes
Ao JuĂ­zo Final e ver, patentes,
Seus delitos, que um livro eterno encerra.

EntĂŁo, aberto o CĂ©u, e o Inferno aberto,
Todos ali verĂŁo: e a sorte imensa
Duma mágoa sem fim, dum gozo certo.

VerĂŁo recto juiz pesar a ofensa
Na balança integral, e o justo acerto,
Dando da vida e morte igual sentença.

Feliz Habitação da Minha Amada

Feliz habitação da minha Amada,
Ninho de Amor, albergue da Ternura,
Onde, outro tempo, a prĂłspera Ventura
Dormia nos meus braços, descuidada.

EntĂŁo, minha Alma terna, embriagada,
Gostava do prazer toda a doçura:
Hoje, contrária minha, a Sorte dura
Do teu Éden Amor, m’impede a entrada.

Com que mágoa, de longe te diviso!…
Com que pena cruel!…
Com que saudade!
Ah! que nĂŁo sei como nĂŁo perco o sizo!…

Bárbara Sorte! Ao menos por piedade,
Se me privas da entrada do ParaĂ­so,
Deixa ver me, de Armânia, a divindade!