Soneto I

Ao Duque

A glĂłria do edifĂ­cio, o louvor alto
Do que a última mão lhe põe, se dobra
Em desgraça daquele, e mágoa da obra,
Que no melhor lhe foi escasso e falto.

Este de letras, com que ao CĂ©u me exalto
E que em mim vossa mĂŁo levanta e obra,
Se sua perfeição por vós não cobra,
A todos causa mágoa e sobressalto.

Já que os andames da esperança minha
Não há quem desarmá-los hoje possa,
Fazei com que este meu trabalho monte.

VĂłs sereis minha glĂłria, eu glĂłria vossa,
Ficando Ă  vista as que eu já n’alma tinha,
Vossas armas reais em minha fronte.