Lamento do Poeta Objectivo

Anda-me o amor tomando a prĂłpria vida,
como se, amando, eu existisse mais.
E leva-me o Destino em voz traĂ­da,
como se houvera encontros desiguais.

A multidĂŁo me cerca, e, renascida,
já dela terei fome de sinais.
E, mal a noite se demora ardida,
o medo e a solidĂŁo me esfriam tais

as cinzas desse amor que sacrifico.
Não é futura a só miséria. A queixa
também não é: e apenas acontece

no vácuo imenso que este amor me deixa,
quando maior, quando de si mais rico,
se dá de mundo em mundo, e lá me esquece.