Sonetos sobre Mil de Florbela Espanca

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Sonetos de mil de Florbela Espanca. Leia este e outros sonetos de Florbela Espanca em Poetris.

Versos

Versos! Versos! Sei lá o que sĂŁo versos…
Pedaços de sorriso, branca espuma,
Gargalhadas de luz, cantos dispersos,
Ou pĂ©talas que caem uma a uma…

Versos!… Sei lá! Um verso Ă© o teu olhar,
Um verso Ă© o teu sorriso e os de Dante
Eram o teu amor a soluçar
Aos pés da sua estremecida amante!

Meus versos!… Sei eu lá tambĂ©m que sĂŁo…
Sei lá! Sei lá!… Meu pobre coração
Partido em mil pedaços sĂŁo talvez…

Versos! Versos! Sei lá o que sĂŁo versos…
Meus soluços de dor que andam dispersos
Por este grande amor em que nĂŁo crĂŞs…

Ser Poeta

Ser Poeta Ă© ser mais alto, Ă© ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E nĂŁo saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhĂŁs de oiro e de cetim…
É condensar o mundo num só grito!

E Ă© amar-te, assim, perdidamente…
É seres alma e sangue e vida em mim
E dizĂŞ-lo cantando a toda gente!