Sonetos sobre Pena de Manuel Bandeira

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Sonetos de pena de Manuel Bandeira. Leia este e outros sonetos de Manuel Bandeira em Poetris.

O Lutador

Buscou no amor o bálsamo da vida,
NĂŁo encontrou senĂŁo veneno e morte.
Levantou no deserto a roca-forte
Do egoĂ­smo, e a roca em mar foi submergida!

Depois de muita pena e muita lida,
De espantoso caçar de toda sorte,
Venceu o monstro de desmedido porte
– A ululante Quimera espavorida!

Quando morreu, lĂ­nguas de sangue ardente,
Aleluias de fogo acometiam,
Tomavam todo o céu de lado a lado.

E longamente, indefinidamente,
Como um coro de ventos sacudiam
Seu grande coração transverberado!

Soneto Sonhado

Meu tudo, minha amada e minha amiga,
Eis, compendiada toda num soneto,
A minha profissão de fé e afeto,
Que à confissão, posto aos teus pés, me obriga.

O que n’alma guardei de muito antiga
ExperiĂŞncia foi pena e ansiar inquieto.
Gosto pouco do amor ideal objeto
SĂł, e do amor sĂł carnal nĂŁo gosto miga.

O que há melhor no amor é a iluminância.
Mas, ai de nĂłs! nĂŁo vem de nĂłs. Viria
De onde? Dos cĂ©us?… Dos longes da distância?…

NĂŁo te prometo os estos, a alegria,
A assunção… Mas em toda circunstância
Ser-te-ei sincero como a luz do dia.