Sonetos sobre Ricos de Fernão Rodrigues Lobo Soropita

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Sonetos de ricos de Fernão Rodrigues Lobo Soropita. Leia este e outros sonetos de Fernão Rodrigues Lobo Soropita em Poetris.

A umas Lágrimas de uma Despedida

Quando de ambos os céus caindo estava
O rico orvalho, em pérolas formado,
E sobre as frescas rosas derramado,
Igual beleza recebia e dava.

Amor que sempre ali presente estava,
Como competidor de meu cuidado,
Num vaso de cristal de ouro lavrado
As gotas uma a uma entesourava.

Eu, c’os olhos na luz, que aquele dia,
Entre as nuvens do novo sentimento,
Escassamente os raios descobria,

Se me matar (dizia) apartamento,
Ao menos não fará que esta alegria
Não seja paga igual de meu tormento.

Quando o Sol Torna donde vos Deixou

Quando o Sol torna donde vos deixou,
Tanto com os vossos olhos se parece,
Que quando a alma o vê, mais reconhece
Que por retrato vosso lhe ficou.

Assim, no próprio Sol amor achou
Com que sempre presente vos tivesse,
Por que apartar um dia não pudesse
O que ele em tantos dias ajuntou.

Depois que o Sol me esconde a terra avara,
Quantas estrelas abre a noite rica,
Com tantos olhos cuido que vos vejo.

Mas nem a sorte assim com o Céu trocara,
Que inda que com vos ver tão belo fica,
A beleza não tem de meu desejo.