História Antiga
Vendo-a, fico a pensar que entre nós, certo dia…
Mas, para que falar desse tempo feliz?
Eu a quis – nem eu sei dizer como a queria!
Ela – Quem poderá dizer quanto me quis?!Foi romance talvez, foi talvez fantasia,
vida que quase chega, e foge, por um triz…
Nosso amor, mas nem eu me lembro o que dizia!
Quem há de se lembrar do que a sonhar se diz!Era um misto de sonho e tímido desejo:
eu – temendo manchar uma afeição tão bela!
ela – a entregar-me a vida e a boca num só beijo!Ah! a Vida… Afinal quem a vida adivinha?
Nem eu – que tanto a quis – sei por que não sou dela!
nem ela, há de saber por que nunca foi minha!
Sonetos sobre Romances de J. G. de Araújo Jorge
2 resultados Sonetos de romances de J. G. de Araújo Jorge. Leia este e outros sonetos de J. G. de Araújo Jorge em Poetris.
Esquecimento
Mais tarde em tua vida, um dia, hás de tentar
revolver da memória este tempo de agora…
– Mas o mundo é uma praia, onde as ondas do mar
apagam quase sempre as lembranças de outrora…Hás de em vão, ao teu Deus, esse Dom suplicar
sem conseguires nunca o que a tua alma implora…
– É que a vida é uma fonte, a correr sem parar
e a seguir, sem voltar, por este mundo afora…Não se vive outra vez… O que chamas presente,
há de ser, amanhã, um romance apagado
que em vão procurarás reler, inutilmente…O tempo tudo vence… Tudo ele consome…
E se um dia, talvez, lembrares teu passado
não mais hás de sequer reconhecer meu nome!…