Sonetos sobre Ruas de Vinicius de Moraes

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Sonetos de ruas de Vinicius de Moraes. Leia este e outros sonetos de Vinicius de Moraes em Poetris.

Soneto Da Lua

Por que tens, por que tens olhos escuros
E mĂŁos languidas, loucas, e sem fim
Quem és, quem és tu, não eu, e estás em mim
Impuro, como o bem que está nos puros ?

Que paixão fez-te os lábios tão maduros
Num rosto como o teu criança assim
Quem te criou tĂŁo boa para o ruĂ­m
E tĂŁo fatal para os meus versos duros?

Fugaz, com que direito tens-me pressa
A alma, que por ti soluça nua
E nĂŁo Ă©s Tatiana e nem Teresa:

E Ă©s tĂŁo pouco
a mulher que anda na rua
Vagabunda, patética e indefesa

Soneto De Maio

Suavemente Maio se insinua
Por entre os véus de Abril, o mês cruel
E lava o ar de anil, alegra a rua
Alumbra os astros e aproxima o céu.

Até a lua, a casta e branca lua
Esquecido o pudor, baixa o dossel
E em seu leito de plumas fica nua
A destilar seu luminoso mel.

Raia a aurora tĂŁo tĂ­mida e tĂŁo fragil
Que através do seu corpo tranparente
Dir-se-ia poder-se ver o rosto

Carregado de inveja e de presságio
Dos irmĂŁos Junho e Julho, friamente
Preparando as catástrofes de Agosto…