Sonetos sobre RuĂ­do de Cruz e Souza

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Sonetos de ruĂ­do de Cruz e Souza. Leia este e outros sonetos de Cruz e Souza em Poetris.

Campesinas IV

Através das romãzeiras
E dos pomares floridos
Ouvem-se as vezes ruĂ­dos
E bater d’asas ligeiras.

SĂŁo as aves forasteiras
Que dos seus ninhos queridos
VĂŞm dar ali os gemidos
Das ilusões passageiras.

VĂŞm sonhar leves quimeras,
IdĂ­lios de primaveras,
Contar os risos e os males.

VĂŞm chorar um seio de ave
Perdida pela suave
CarĂ­cia verde dos vales.

GlĂłrias Antigas

Rubras como gauleses arruivados,
Voltam da guerra as hostes triunfantes,
Trazem nas lanças d’aço lampejantes,
Os louros das batalhas pendurados.

Os escudos e arneses dos soldados
Rutilam como lascas de diamantes
E na armadura os mĂşsculos vibrantes,
Rijos, palpitam, batem nervurados.

Dentre estandartes, flâmulas de cores,
Trazem dos olhos rufos de tambores,
RuĂ­dos de alegria estranha e louca.

Chegam por fim, Ă  pátria vitoriosa…
E entĂŁo, da ardente glĂłria belicosa,
Há um grito vermelho em cada boca!

Mundo InaccessĂ­vel

Tu’alma lembra um mundo inaccessĂ­vel
Onde só astros e águias vão pairando,
Onde só se escuta, trágica, cantando,
A sinfonia da AmplidĂŁo terrĂ­vel!

Alma nenhuma, que nĂŁo for sensĂ­vel,
Que asas nĂŁo tenha para as ir vibrando,
Essa regiĂŁo secreta desvendando,
Falece, morre, num pavor incrĂ­vel!

É preciso ter asas e ter garras
Para atingir aos ruĂ­dos de fanfarras
Do mundo da tu’alma augusta e forte.

É preciso subir ígneas montanhas
E emudecer, entre visões estranhas,
Num sentimento mais sutil que a Morte!