Sonetos sobre SĂ©culos de Euclides da Cunha

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Sonetos de séculos de Euclides da Cunha. Leia este e outros sonetos de Euclides da Cunha em Poetris.

Saint-Just

Quando à tribuna ele se ergueu, rugindo,
– Ao forte impulso das paixĂ”es audazes
Ardente o lĂĄbio de terrĂ­veis frases
E a luz do gĂȘnio em seu olhar fulgindo,

A tirania estremeceu nas bases,
De um rei na fronte ressumou, pungindo,
Um suor de morte e um terror infindo
Gelou o seio aos cortesĂŁos sequazes –

Uma alma nova ergueu-se em cada peito,
Brotou em cada peito uma esperança,
De um sono acordou, firme, o Direito –

E a Europa – o mundo – mais que o mundo, a França –
Sentiu numa hora sob o verbo seu
As comoçÔes que em séculos não sofreu!

DantĂŁo

Parece-me que o vejo iluminado.
Erguendo delirante a grande fronte
– De um povo inteiro o fĂșlgido horizonte
Cheio de luz, de idéias constelado!

De seu crĂąnio vulcĂŁo – a rubra lava
Foi que gerou essa sublime aurora
– Noventa e trĂȘs – e a levantou sonora
Na fronte audaz da populaça brava!

Olhando para a histĂłria – um sĂ©culo e a lente
Que mostra-me o seu crĂąnio resplandente
Do passado atravĂ©s o vĂ©u profundo…

HĂĄ muito que tombou, mas inquebrĂĄvel
De sua voz o eco formidĂĄvel
Estruge ainda na razĂŁo do mundo!

Mundos Extintos

SĂŁo tĂŁo remotas as estrelas que,
apesar da vertiginosa velocidade da luz,
elas se apagam. e continuam a brilhar durante séculos.

MORREM OS MUNDOS… Silenciosa e escura,
Eterna noite cinge-os. Mudas, frias,
Nas luminosas solidÔes da altura
Erguem-se, assim, necrĂłpoles sombrias…

Mas pra nĂłs, di-lo a ciĂȘncia, alĂ©m perdura
A vida, e expande as rĂștilas magias…
Pelos séculos em fora a luz fulgura
Traçando-lhes as órbitas vazias.

Meus ideais! extinta claridade –
Mortos, rompeis, fantĂĄsticos e insanos
Da minh’alma a revolta imensidade…

E sois ainda todos os enganos
E toda a luz, e toda a mocidade
Desta velhice trĂĄgica aos vinte anos…