Adagas Cujas JĂłias Velhas Galas
Adagas cujas jĂłias velhas galas…
Opalesci amar-me entre mĂŁos raras,
E fluido a febres entre um lembrar de aras,
O convĂ©s sem ninguĂ©m cheio de malas…O Ăntimo silĂȘncio das opalas
Conduz orientes até jóias caras,
E o meu anseio vai nas rotas claras
De um grande sonho cheio de Ăłcio e salas…Passa o cortejo imperial, e ao longe
O povo só pelo cessar das lanças
Sabe que passa o seu tirano, e estrugeSua ovação, e erguem as crianças
Mas o teclado as tuas mĂŁos pararam
E indefinidamente repousaram…
Sonetos sobre SilĂȘncio de Fernando Pessoa
3 resultadosComo uma Voz de Fonte que Cessasse
Como uma voz de fonte que cessasse
(E uns para os outros nossos vĂŁos olhares
Se admiraram), pâra alĂ©m dos meus palmares
De sonho, a voz que do meu tĂ©dio nasceParou… Apareceu jĂĄ sem disfarce
De mĂșsica longĂnqua, asas nos ares,
O mistério silente como os mares,
Quando morreu o vento e a calma pasce…A paisagem longĂnqua sĂł existe
Para haver nela um silĂȘncio em descida
Pâra o mistĂ©rio, silĂȘncio a que a hora assiste…E, perto ou longe, grande lago mudo,
O mundo, o informe mundo onde hĂĄ a vida…
E Deus, a Grande Ogiva ao fim de tudo…
HĂĄ Um Poeta Em Mim Que Deus Me Disse
HĂĄ um poeta em mim que Deus me disse…
A Primavera esquece nos barrancos
As grinaldas que trouxe dos arrancos
Da sua efĂȘmera e espectral ledice…Pelo prado orvalhado a meninice
Faz soar a alegria os seus tamancos…
Pobre de anseios teu ficar nos bancos
Olhando a hora como quem sorrisse…Florir do dia a capitĂ©is de Luz…
Violinos do silĂȘncio enternecidos…
TĂ©dio onde o sĂł ter tĂ©dio nos seduz…Minha alma beija o quadro que pintou…
Sento-me ao pé dos séculos perdidos
E cismo o seu perfil de inĂ©rcia e vĂŽo…