Sonetos sobre Som de Manuel Maria Barbosa du Bocage

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Eu Me Ausento de Ti, Meu Pátrio Sado

Eu me ausento de ti, meu pátrio Sado,
Mansa corrente deleitos, amena,
Em cuja praia o nome de Filena
Mil vezes tenho escrito, e mil beijado:

Nunca mais me verás entre o meu gado
Soprando a namorada e branda avena,
A cujo som descias mais serena,
Mais vagarosa para o mar salgado:

Devo enfim manejar por lei da sorte
Cajados nĂŁo, mortĂ­feros alfanges
Nos campos do colérico Mavorte;

E talvez entre impávidas falanges
Testemunhas farei da minha morte
Remotas margens, que humedece o Ganjes.

Soneto Ditado Na Agonia

Já Bocage nĂŁo sou!… Ă€ cova escura
Meu estro vai parar desfeito em vento…
Eu aos CĂ©us ultrajei! O meu tormento
Leve me torne sempre a terra dura;

Conheço agora já quão vã figura,
Em prosa e verso fez meu louco intento:
Musa!… Tivera algum merecimento
Se um raio da razĂŁo seguisse pura.

Eu me arrependo; a lĂ­ngua quasi fria
Brade em alto pregĂŁo Ă  mocidade,
Que atrás do som fantástico corria:

Outro Aretino fui… a santidade
Manchei!… Oh! Se me creste, gente Ă­mpia,
Rasga meus versos, crĂŞ na eternidade!.