Sonetos sobre Sombrios de Judith Teixeira

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Sonetos de sombrios de Judith Teixeira. Leia este e outros sonetos de Judith Teixeira em Poetris.

VatĂ­cinio

HĂĄs-de beber as lĂĄgrimas sombrias
que nesta hora eu bebo soluçando!,
e o veneno das minhas ironias
hĂĄ-de rasgar-te os tĂ­mpanos cantando!

Hås-de esgotar a taça de agonias
neste sabor a Ăłdio… e, estertorando
hĂĄs-de crispar as tuas mĂŁos vazias
de amor, como eu agora estou crispando!

E hĂĄs-de encontrar-me em teu surpreso olhar
com o mesmo sorriso singular
que a minha boca em certas horas tem.

E eu hei-de ver o teu olhar incerto
vagueando no intérmino deserto
dos teus braços tombados sem ninguém!

AusĂȘncia

Meu amor, como eu sofro este tormento
da tua ausĂȘncia!… Ando magoada
como a folha arrancada pelo vento
ao carinhoso anseio da ramada…

Procuro desviar o pensamento…
mas oiço ao longe a tua voz molhada
em lĂĄgrimas, vibrando o sofrimento
da nossa vida assim, tĂŁo separada!

Os meus beijos escutam os teus beijos
exigentes — perdidos de saudade…
crispando amargamente os meus desejos!

E dia a dia essa canção de dor,
ritornelo sombrio de ansiedade,
exalta ainda mais o meu amor!