Arrependimento

Deste amor torturado e sem ventura
Resta-me o alĂ­vio do arrependimento.
O pouco que me deste de ternura
NĂŁo vale o que te dei de encantamento.

Abri para o teu sonho o firmamento,
Semeei de estrelas tua noite escura.
Dei-te alma, exaltação e sentimento.
Fiz de um bloco de pedra uma criatura.

Hoje, ambos Ă  mercĂŞ de sorte avessa,
Se para te esquecer luto e me esforço,
Manda-me o coração que não te esqueça.

Padecemos idĂŞntico suplĂ­cio:
Tu – corroĂ­da de pena e de remorso,
Eu – com vergonha do meu sacrifĂ­cio.