Soneto VI
Ora alegre, ora triste, ou rindo, ou grave,
Ou queda, ou dando passos concertados
Ou tomeis com silĂȘncio altos cuidados,
Ora ouça vossa voz branda e suave;Ora abertos os olhos (onde a chave
Tem amor do que pode) ora cerrados,
Ou estĂȘm de asperezas descuidados,
Ora sua aspereza tudo agrave;Ou do crespo ouro que toda alma prende
Vossa cabeça rodeada seja,
Ou dele solto a luz estĂȘ invejosa:Agora assi, agora assi vos veja,
Igualmente a meus olhos sois fermosa,
Igualmente em meu peito o amor se acende!
Sonetos sobre Vozes de Pero de Andrade Caminha
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Soneto I
De Amor escrevo, de Amor falo e canto;
E se minha voz fosse igual ao que amo,
Esperara eu sentir na que em vĂŁo chamo
Piedade, e na gente dor e espanto.Mas nĂŁo hĂĄ pena, ou lĂngua, ou voz, ou canto
Que mostre o amor por que eu tudo desamo,
Nem o vivo fogo em que me sempre inflamo,
Nem de meus olhos o contino pranto.Assi me vou morrendo, sem ser crida
A causa por que em vĂŁo mouro contente,
Nem sei se isto que passo Ă© vida ou morte.Mas inda da que eu amo fosse ouvida
E crida minha voz, e da vĂŁ gente
Nunca entendida fosse minha sorte!