A Disputa das Ideias

Temos cada vez mais tipos de ordem e cada vez menos ordem. (…) Depois de todos os esforços do passado, entrámos num perĂ­odo de retrocesso. VĂŞ bem como as coisas se passam hoje: quando um homem importante lança uma nova ideia no mundo, ela Ă© imediatamente apanhada por um mecanismo de divisĂŁo, constituĂ­do por simpatia e repulsa. Primeiro vĂŞm os admiradores e arrancam grandes bocados, os que lhes convĂŞm, a essa ideia, e despedaçam o mestre como as raposas a presa; a seguir, os adversários destroem as partes fracas, e em pouco tempo o que resta de um grande feito mais nĂŁo Ă© do que uma reserva de aforismos de que amigos e inimigos se servem a seu bel-prazer. O resultado Ă© uma ambiguidade generalizada. NĂŁo há Sim a que se nĂŁo junte um NĂŁo. Podes fazer o que quiseres, que encontras sempre vinte das mais belas ideias a favor e, se quiseres, vinte que sĂŁo contra. Quase somos levados a acreditar que Ă© como no amor e no Ăłdio, ou na fome, em que os gostos tĂŞm de ser diferentes, para que cada um fique com o seu bocado.