Prazer com Virtude

Que dizer do facto de tanto os homens bons como os maus terem prazer, e de os homens infames terem tanto gosto em cometer actos vergonhosos como os homens honestos tĂȘm nas suas acçÔes excelentes? É por isso que os antigos prescreveram que se procurasse a vida melhor, nĂŁo a mais agradĂĄvel, de forma a que o prazer fosse, nĂŁo o guia, mas um companheiro da vontade recta e boa. Na verdade, a natureza deve ser o nosso guia: a razĂŁo observa-a e consulta-a. Por isso, viver feliz Ă© o mesmo que viver de acordo com a natureza. Passo a explicar o que quer isto dizer: se conservarmos os nossos dons corporais e as nossas aptidĂ”es naturais com diligĂȘncia, mas tambĂ©m com impavidez, tomando-os como bens efĂ©meros e fugazes; se nĂŁo nos tornarmos servos deles, nem nos submetermos a coisas exteriores; se as coisas que sĂŁo circunstanciais e agradĂĄveis ao corpo forem para nĂłs como auxiliares e tropas ligeiras num castro (que obedecem, nĂŁo comandam); nesta medida, todas estas coisas serĂŁo Ășteis Ă  mente.
Não se deixe o homem corromper pelas coisas externas e inalcançåveis, e admire-se apenas a si próprio, confiando no seu ùnimo e mantendo-se preparado para tudo,

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