Textos sobre Dois de Jean de La Bruyère

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Textos de dois de Jean de La Bruyère. Leia este e outros textos de Jean de La Bruyère em Poetris.

É Mais Simples e Mais Útil Adaptar-se Aos Outros

Supondo que só existiam hoje dois homens na terra que a possuissem sozinhos, e a dividam entre si, estou convencido de que nascerá logo entre eles algum motivo de discórdia, nem que seja pelos limites. Às vezes é mais simples e mais útil adaptar-se aos outros do que fazer os outros se adaptarem a nós.
(…) Há uma coisa que nunca se viu sob o céu e segundo todas as aparências, nunca se verá: é uma cidade pequena que não esteja dividida em partidos; onde as famílias sejam unidas e os primos se vejam com confiança; onde um casamento não gere guerra civil; onde a querela dos partidos não desperte a todo o momento, por fraude, incenso e pão bento, procissões e enterros; de onde se baniram os linguarudos, a mentira e a maledicência: onde se vejam falar juntos o juiz e o presidente da câmara, os eleitores e os assessores; onde o deão viva bem com o cónego, onde os cónegos não desdenhem os capelães e estes suportem os padres-mestres.
Os provincianos e os tolos estão sempre prontos a se zangarem e a pensarem que se está a zombar deles, ou a desprezá-los; nunca se deve arriscar uma brincadeira,

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Descer ao Nível do Outro

Há certas pessoas de certo estofo ou carácter com as quais nunca nos devemos meter, das quais não nos devemos queixar senão o menos que pudermos, contra as quais não é permitido termos razão.
Entre duas pessoas que tiveram uma violenta discussão, na qual uma tem razão e a outra não, o que a maior parte das pessoas que assistiram à discussão nunca deixam de fazer, para se dispensarem de julgar, ou por temperamento que sempre me pareceu deslocado, é condenar os dois: lição importante, motivo urgente e indispensável para fugir a oriente quando o tolo está no ocidente, a fim de evitar dividir com ele o mesmo agravo.

Prefiro Ser Povo

Se comparo as duas condições mais opostas dos homens, quero dizer, os nobres e o povo, este último parece-me contente com o necessário e os outros inquietos e pobres com o supérfluo. Um homem do povo não saberia fazer nenhum mal; um nobre não quer nenhum bem e é capaz de grandes malefícios; um, só se forma e se exerce nas coisas úteis; o outro, acrescenta as perniciosas: ali, mostram-se ingenuamente a grosseria e a franqueza; aqui, esconde-se uma seiva maligna e corrompida sob a casca da polidez: o povo não tem espírito e os nobres não têm alma; aquele tem bom fundo e não tem boa aparência; estes só têm aparências e uma simples superfície. Será preciso optar? Não hesito: quero ser povo.