Textos sobre Liberdade de Thomas Mann

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Textos de liberdade de Thomas Mann. Leia este e outros textos de Thomas Mann em Poetris.

A Arte Ă© IndivĂ­duo, nĂŁo Colectividade

Arte Ă© espĂ­rito, e o espĂ­rito nĂŁo precisa, em absoluto, de se sentir obrigado a servir a sociedade, a colectividade. A meu ver, nĂŁo tem direito a fazĂŞ-lo, devido Ă  sua liberdade e Ă  sua nobreza. Uma arte que «se mete com o povo», fazendo suas as necessidades das massas, do zĂ©-povinho, dos ignorantões, cai na misĂ©ria. Prescrever-lhe isso como um dever, admitindo-se, talvez, por razões polĂ­ticas, unicamente uma arte que a gentinha possa compreender, Ă© mesmo o cĂşmulo da grosseria e equivale a assassinar o espĂ­rito. Este – eis a minha firme convicção – pode empreender os mais audaciosos, os mais incontidos avanços, as tentativas e pesquisas menos acessĂ­veis Ă s multidões, e todavia ter a certeza de servir, de um modo elevado, indirectamente o homem, e Ă  la longue atĂ© os homens.

A Cultura nĂŁo se Adquire, Respira-se

A cultura não se obtém com um labor obtuso e intensivo e é antes o produto da liberdade e da ociosidade exterior. Não se adquire, respira-se. O que trabalha para ela são os elementos ocultos. Uma secreta aplicação dos sentidos e do espírito, conciliável com um devaneio quase total em aparência, solicita diariamente as riquezas dessa cultura, podendo dizer-se que o eleito a adquire a dormir. Isto porque é necessário ser dúctil para se poder ser instruído. Ninguém pode adquirir o que não possui ao nascer, nem ambicionar o que lhe é estranho. Quem é feito de madeira ordinária nunca se afinará, porque quem se afina nunca foi grosseiro. Nesta matéria, é também muito difícil traçar uma linha de separação nítida entre o mérito pessoal e aquilo que se chama o favor das circunstâncias.

Liberdade Ă© Subjectividade

Liberdade é apenas outro termo para designar a subjectividade, e qualquer dia, esta já não se aguentará a si mesma. Chegará então o momento em que se desesperará da possibilidade de criar algo através das suas próprias forças; então procurará protecção e segurança na objectividade. A liberdade conduz sempre à reviravolta dialéctica: Muito cedo, reconhece-se na delimitação, realiza-se na subordinação à lei, à regra, à coacção, ao sistema; converte-se nisso, o que não quer dizer que deixe de ser liberdade.