A Cultura nĂŁo se Enquadra na Totalidade PolĂtica
A cultura nunca poderá ser um factor estratĂ©gico de mudança. Se Ă© estratĂ©gia, nĂŁo Ă© cultura. Faz-se apelo Ă cultura como estratĂ©gia de mudança, tentando resolver a condição perturbadora do homem culto, munido de culpabilidade inconsciente, ou simplesmente isento da culpabilidade pelo sofrimento. Isso nĂŁo Ă© possĂvel. A cultura nĂŁo se enquadra na totalidade polĂtica. Há um grave mal-entendido quanto a isso. A cultura nĂŁo significa o conforto da neutralidade, a irĂłnica graduação da expectativa, a ginástica do nĂŁo-compomisso. Significa um enraizamento em si mesmo, que conserva no homem a faculdade de julgar. NĂŁo Ă© contrária Ă acção, mas Ă© condição necessária para que a acção seja serena e Ăştil, e nĂŁo impaciente e desordenada. NĂŁo se trata de racismo espiritual; nĂŁo se trata da pretensĂŁo de existir Ă parte da histĂłria polĂtica do mundo. É a intenção absolutamente necessária de ser livre, face aos acontecimentos, qualquer que seja a lĂłgica que os liga. A cultura Ă© o que identifica um povo com a sua finalidade.
Textos sobre Livres de Agustina Bessa-LuĂs
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A Herança dos Empresários
Hoje em dia o sector opulento, que é quase unicamente integrado pelos empresários, só ele tem a posição de homens livres. Aos artistas e aos pensadores resta, na maioria dos casos, o recurso a serem integrados no funcionalismo público para salvaguardarem uma relativa decência económica. O empresário não está preparado para se pronunciar como director intelectual da sociedade; a sua filosofia de vida é incoerente e, muitas vezes, suspeita. Deixará uma herança datada, mas não uma obra confidencial para as futuras gerações que irão propagá-la e, com tal, merecer no mundo o seu êxito moral face aos outros povos.