O Verdadeiro e o Falso CiĂșme
O ciĂșme Ă© uma espĂ©cie de temor, que se relaciona com o desejo de conservarmos a posse de algum bem; e nĂŁo provĂ©m tanto da força das razĂ”es que levam a julgar que podemos perdĂȘ-lo, como da grande estima que temos por ele, a qual nos leva a examinar atĂ© os menores motivos de suspeita e a tomĂĄ-los por razĂ”es muito dignas de consideração.
E como devemos empenhar-nos mais em conservar os bens que sĂŁo muito grandes do que os que sĂŁo menores, em algumas ocasiĂ”es essa paixĂŁo pode ser justa e honesta. Assim, por exemplo, um chefe de exĂ©rcito que defende uma praça de grande importĂŁncia tem o direito de ser zeloso dela, isto Ă©, de suspeitar de todos os meios pelos quais ela poderia ser assaltada de surpresa; e uma mulher honesta nĂŁo Ă© censurada por ser zelosa de sua honra, isto Ă©, por nĂŁo apenas abster-se de agir mal como tambĂ©m evitar atĂ© os menores motivos de maledicĂȘncia.
Mas zombamos de um avarento quando ele Ă© ciumento do seu tesouro, isto Ă©, quando o devora com os olhos e nunca quer afastar-se dele, com medo que ele lhe seja furtado; pois o dinheiro nĂŁo vale o trabalho de ser guardado com tanto cuidado.
Textos sobre MaledicĂȘncia de RenĂ© Descartes
1 resultado Textos de maledicĂȘncia de RenĂ© Descartes. Leia este e outros textos de RenĂ© Descartes em Poetris.