A Loucura do Dinheiro
O dinheiro suscita a maior parte das vociferações que ouvimos: Ă© o dinheiro que fatiga os tribunais, Ă© ele que coloca pais e filhos em desavença, Ă© ele que derrama venenos, Ă© ele que põe a espada nas mĂŁos dos assassinos e das legiões; ele está manchado de sangue nosso; Ă© por causa dele que as discussões de marido e mulher ressoam na noite, Ă© por causa dele que a turba aflui aos tribunais; por causa dele, os reis massacram, saqueiam e arrasam cidades que demoraram sĂ©culos a construir, para procurarem ouro e prata entre as cinzas. VĂŞs os cofres arrumados a um canto? É por causa deles que se grita atĂ© os olhos saĂrem das suas Ăłrbitas e que os brados ressoam nos tribunais; Ă© por causa deles que juĂzes vindo de regiões longĂnquas se reĂşnem para decidir qual Ă© a avidez mais justa.
E quando, não por um cofre, mas por um punhado de ouro ou por um denário que se dispensaria a um escravo, se perfura o estômago de um velho que ia morrer sem herdeiros? E quando, possuindo vários milhares, um usurário de pés e mãos deformados, incapaz sequer de mexer no dinheiro, reclama, furioso,
Textos sobre Marido de SĂ©neca
2 resultadosA Importância dos PrincĂpios
Entre os homens, alguns há que possuem naturalmente um excelente carácter e que assimilam sem necessidade de longa instrução os princĂpios tradicionais, que abraçam a via da moralidade desde o primeiro momento em que dela ouvem falar; do meio destes Ă© que surgem aqueles gĂ©nios que concitam em si toda a gama de virtudes, que produzem eles mesmos virtudes. Mas aos outros, Ă queles que tĂŞm o espĂrito embotado, obtuso ou dominado por tradições errĂłneas, a esses há que raspar a ferrugem que tĂŞm na alma. Mais ainda: se transmitirmos os preceitos básicos da filosofia aos primeiros, rapidamente eles atingirĂŁo o mais alto nĂvel, pois estĂŁo naturalmente inclinados ao bem; se o fizermos aos outros, os de natureza mais fraca, ajudá-los-emos a libertarem-se das suas convicções erradas. Por aqui podes ver como sĂŁo necessários os princĂpios básicos. Temos instintos em nĂłs que nos fazem indolentes ante certas coisas, e atrevidos perante outras; ora, nem este atrevimento nem aquela indolĂŞncia podem ser eliminados se primeiro nĂŁo removermos as respectivas causas, ou seja, a admiração infundada ou o receio infundado.
Enquanto tivermos em nĂłs esses instintos, bem poderás dizer: “estes sĂŁo os teus deveres para com teu pai, ou para com os filhos,