Textos sobre MĂșsica de Antoine de Saint-ExupĂ©ry

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Textos de mĂșsica de Antoine de Saint-ExupĂ©ry. Leia este e outros textos de Antoine de Saint-ExupĂ©ry em Poetris.

Liberdade e Constrangimento SĂŁo Dois Aspectos da Mesma Necessidade

Liberdade e constrangimento sĂŁo dois aspectos da mesma necessidade, que Ă© ser aquele e nĂŁo um outro. Livre de ser aquele, nĂŁo livre de ser um outro. (…) NĂŁo hĂĄ quem o nĂŁo saiba. Os que reclamam a liberdade reclamam a moral interior, para que nem assim o homem deixe de ser governado. O gendarme – dizem eles de si para si – estĂĄ no interior. E os que solicitam a coacção afirmam-te que ela Ă© liberdade de espĂ­rito. Tu, na tua casa, tens a liberdade de atravessar as antecĂąmaras, de medir a passos largos as salas, uma por uma, de empurrar as portas, de subir ou descer as escadas. E a tua liberdade cresce Ă  medida que aumentam as paredes e as peias e os ferrolhos. E dispĂ”es de um nĂșmero tanto maior de actos possĂ­veis onde escolher aquele que hĂĄs-de praticar, quantas mais obrigaçÔes te impĂŽs a duração das tuas pedras. E, na sala comum, onde assentas arraiais no meio da desordem, deixas de dispor de liberdade, passa a haver dissolução.
E, afinal de contas, todos sonham com uma e a mesma cidade. Mas um reclama para o homem, tal como ele Ă©, o direito de agir.

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O Homem ao Serviço dos Objectos

ProĂ­bo aos comerciantes que gabem de mais as mercadorias. Eles tĂȘm tendĂȘncia a tornar-se pedagogos e mostram-te como fim aquilo que por essĂȘncia nĂŁo passa de um meio. Depois de assim te enganarem sobre o caminho a seguir, pouco falta para te perverterem. Se a mĂșsica deles Ă© vulgar, para ta vender, nĂŁo hesitarĂŁo em te fabricar uma alma vulgar. Ora, se Ă© bom que se alicercem os objectos para servir os homens, seria monstruoso que se exigissem alicerces aos homens para servir de caixote do lixo aos objectos.

Não Hå Comunicação Sem Envolvimento

SĂł atravĂ©s de um cerimonial consegues comunicar. Se ouvires distraĂ­do essa mĂșsica e considerares distraĂ­damente esse templo, nĂŁo nascerĂĄ nada em ti, nem serĂĄs alimentado. O Ășnico meio de que disponho para te explicar a vida a que te convido Ă©, por conseguinte, que tu te comprometas pela força e te deixes amamentar por ela. Como te havia eu de explicar essa mĂșsica que ouvi-la nĂŁo basta, se nĂŁo te achas preparado para te deixares formular por ela? TĂŁo prestes vejo a morrer em ti a imagem da propriedade, que dela pouco mais resta do que gravatos. A palavra irĂłnica Ă© prĂłpria mas Ă© do cancro; um sono mau, um barulho que perturba, e aĂ­ estĂĄs tu privado de Deus. E recusado. Vejo-te sentado no portal, tendo atrĂĄs de ti a porta da tua casa fechada, totalmente separado do mundo, que nĂŁo passa do somatĂłrio de objectos vazios. Porque tu nĂŁo comunicas com os objectos, mas com os laços que os ligam.